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ESTRADAS
Idéia da concessionária é que apenas veículos com mais de 250 cc possam usar o sistema Anchieta-Imigrantes
Ecovias quer restringir circulação de motos
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Ecovias, concessionária do
sistema Anchieta-Imigrantes, vai
pressionar os órgãos reguladores
do trânsito para proibir a circulação de motos abaixo de 250 cc
-que representam cerca de 60%
do mercado- em suas vias.
A proposta faz parte de um projeto de normatização do tráfego
de motos em rodovias, que vai ser
enviado pela concessionária à Artesp (agência estadual que regula
as concessões) e ao Contran
(Conselho Nacional de Trânsito).
A concessionária alega que, nos
últimos meses, aumentou o número de acidentes envolvendo esses veículos. E as causas estariam
na imprudência dos motoristas e
na baixa velocidade alcançada pelas motos de baixa cilindrada.
"Estamos registrando muitas
mortes nas rodovias. Nosso trabalho é levar esses dados para os
órgãos competentes revisarem as
normas", afirma Hamilton Amadeo, diretor de operações.
Só em 2002, a Ecovias registrou
551 acidentes com motos, deixando 477 feridos e 17 mortos. Os carros participaram de 5.089 acidentes, com 35 mortos.
Nos dois primeiros meses do
ano, mais de cem pessoas ficaram
feridas em cerca de cem acidentes
com motos no sistema Anchieta-Imigrantes. Diariamente, trafegam nas duas rodovias cerca de
2.000 motos e aproximadamente
40 mil veículos utilitários -inclui
carros de passeio, ônibus e vans.
Na média, apenas nos dois primeiros meses do ano, houve uma
pessoa morta a cada 4.000 motos
que passaram pelo sistema. No
caso dos carros, a proporção é de
uma morte para 16 mil carros.
"Se você comparar o número de
motos que circulam diariamente
com o de acidentes, é um número
muito alto", completa Amadeo.
Para proibir a circulação dessas
motos, seria necessário modificar
a atual legislação de trânsito.
Para a Abraciclo (Associação
Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas), a idéia da Ecovias
é discriminatória e simplista.
"Cerca de 70% das pessoas que
compram uma moto o fazem porque não têm dinheiro para comprar um carro", afirma Franklin
Mello Neto, gerente-executivo da
Abraciclo. Para ele, uma campanha para conscientizar os motoqueiros seria mais eficaz. "A entidade está disposta a colaborar [na
campanha]. O que não pode é
pensar em proibir a circulação."
A proposta pode prejudicar ainda os motoboys, que geralmente
usam motos de 125 cc. O assessor
jurídico da Setcesp (Sindicato das
Empresas de Transporte de Carga
de São Paulo), Carlos Breda, diz
que a restrição de motos pelo tamanho seria como "matar o paciente para eliminar a doença".
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