São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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SAÚDE

Moradora recorre à Justiça para ter acesso a benefícios

Portador de diabetes sofre com falta de remédio em Ribeirão

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Portadores de diabetes em Ribeirão Preto, apesar de terem direitos garantidos por lei, reclamam da falta de medicamentos e instrumentos para fazer o autocontrole da doença. Em alguns casos, mesmo com a apelação judicial, a demora para ter acesso aos equipamentos chega a até oito meses. Segundo os pacientes, não é raro faltar medicamentos.
Pela lei estadual nš 10.782, o SUS (Sistema Único de Saúde) "tem de prestar atenção integral à pessoa portadora de diabetes". A lei, de 2001, dá "o direito à medicação e aos instrumentos e materiais de auto-aplicação e autocontrole, visando a maior autonomia possível por parte do usuário".
A aposentada Aparecida Augusta da Silva Marques, 65, disse que consome quatro tipos de medicamento e que sempre os retirou no posto da Vila Virgínia. A partir da reforma do posto, no entanto, ela passou a ter dificuldades para receber os remédios.
Ganhando um salário mínimo por mês, a aposentada contou que se esforça para comprar os medicamentos, mas nem sempre é possível. "Tem remédio que eu nem compro. Fico "morrendo" de medo de passar mal à noite", diz.
A dona-de-casa Maria Cristina Pitanga, 44, diz que no posto do Simioni, onde é atendida, chegou a faltar insulina duas vezes em 2003. Ela usa o hormônio diariamente para equilibrar a taxa de açúcar no organismo.
Além dos medicamentos, todos os pacientes e familiares ouvidos pela Folha reclamaram do não-fornecimento dos aparelhos e fitas para a medição do índice de glicemia -taxa de açúcar.
A publicitária Adriana Jorge, 38, descobriu há quatro meses que sua filha Paula Grano, 13, tem diabetes. Para facilitar a medição, comprou o glicosímetro -aparelho que mede a taxa de açúcar-, mas tem tido dificuldade para custear as fitas de medição. Ela afirma que tem usado duas fitas de 50 marcações cada. Ao todo, o gasto chega a R$ 274 por mês.
A publicitária decidiu entrar na Justiça para obter as fitas por meio do SUS. Somente três casos parecidos foram parar na Justiça em Ribeirão Preto até hoje.
O pedreiro Alcinésio Morais, 34, tem um filho de três anos com diabetes. Ganhando um salário de R$ 450, ele afirma que não tem como comprar o aparelho de medição nem como levar o filho ao posto com freqüência. "Meu filho tem ficado "ao deus-dará"", diz.


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