ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Há uma placa com o nome Antenor Ferreira da Silva no Tênis Clube Paulista. Homenagem mais do que merecida. Faz uns bons anos, Antenor passava pela piscina do clube quando viu uma mancha debaixo d'água. Era o vulto de um menino que estava se afogando após ter tido uma congestão. A mãe dele tinha se distraído com uma revista.
Pará, ou Paraná, como o conheciam, salvou a vida do garoto. Graças a outra revista: por sorte, dias antes, ele lera uma reportagem sobre como fazer respiração boca a boca, numa edição da "Seleções".
Depois disso, o menino passou a visitá-lo todo ano -levava sempre uma lembrancinha em gratidão ao herói. Antenor veio de Natal (RN). Ganhou o apelido por acharem que ele se parecia com um sujeito chamado Pará. Foi um dos pioneiros da natação no país. Chegou criança a São Paulo e passou a nadar para se curar de uma bronquite asmática. Dava suas braçadas no Tietê. Profissionalizou-se pelo Corinthians, mas também praticou o esporte pelo clube Esperia e por um outro de Ribeirão Preto (SP).
Em 1947, com a marca de 20min18s, bateu o recorde sul-americano dos 1.500 metros nado livre, na Argentina. Quem lhe pôs a medalha no pescoço e lhe chamou de valente foi o então presidente Juan Domingo Perón.
Também deu aulas de natação e foi investigador do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), cargo no qual se aposentou durante a década de 70. Em 1990, sentiu-se mal numa prova e abandonou as piscinas. Na quinta (22), morreu aos 88, de problemas decorrentes de um AVC (acidente vascular cerebral). Deixa viúva, três filhos, oito netos e um bisneto. A missa de sétimo dia será hoje, às 19h, na paróquia São Francisco de Assis, SP.

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