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Moradores ajudam a PM no policiamento de zona rural em SP
Serviço comunitário atua em Mogi das Cruzes e dá apoio à
polícia preservando locais de crime e dando informações
Primeira base da Grande SP
foi oficializada no dia 22;
criminalidade caiu na região
desde a implantação do
sistema de patrulha, diz PM
JAMES CIMINO
ENVIADO ESPECIAL A MOGI DAS CRUZES
O paisagista Mitiro Nagao,
46, produz flores em Mogi das
Cruzes e trabalha em São Paulo
ornamentando jardins de gente
famosa. Quando volta para sua
casa no pacato distrito rural de
Pindorama, depois de duas horas de trânsito, ainda ajuda a
combater o crime.
Com um rádio amador em
sua F250 ou pelo celular, recebe denúncias de furtos, assassinatos e até brigas de casais. Dependendo do caso, coloca um
giroflex no teto de seu carro e
vai até o local do crime.
Às vezes, isola uma área de
desova de corpos, na estrada
que leva a Suzano, com fita zebrada e fica lá, até a polícia chegar. Em outros casos, tira o giroflex e, com a ajuda de cinco
amigos, faz perseguições a veículos furtados, dando as coordenadas para a polícia. Suas armas são um farolete, um binóculo e um guarda-chuva.
Nagao não é policial. Seu trabalho é, basicamente, ajudar a
polícia e atrapalhar os bandidos. Ele faz parte de um Serviço
de Vigilância Comunitária criado em 1994 pela Associação Rural de Pindorama e oficializado
no último 22 de abril, quando o
lugar ganhou a primeira Base
Comunitária de Segurança Distrital da Grande São Paulo.
O modelo de policiamento,
chamado "tyusaichô", foi importado do Japão e serve apenas para comunidades rurais.
Boa parte dos 4.000 moradores
de Pindorama é de nisseis, o
que pode ser percebido nos nomes das estradas vicinais, onde
sempre há uma placa com a frase "bairro monitorado pelo serviço de vigilância comunitária".
Pelo modelo japonês, a base
distrital também serve como
moradia para o policial. Com
três quartos, sala, cozinha, banheiro, área de serviço e câmeras de segurança, a base/casa
também foi construída em parceria: 112 produtores rurais da
região doaram R$ 100 mil em
materiais de construção, e a Polícia Militar bancou a mão de
obra e alguns equipamentos.
O uso do giroflex e de imãs
com a logomarca do Serviço de
Vigilância Comunitária pelos
vigilantes foi autorizado pelo
departamento de trânsito.
Boca a boca
A comunicação no distrito é
difícil. Só existe uma torre de
telefonia celular. Por isso, os
seis vigilantes, que cresceram
em Pindorama e formam uma
diretoria de segurança, servem
também de conexão entre a população e o cabo Nunes, o único
policial do local, que trabalha lá
há seis anos, mas que, só no fim
de 2008, deixou um apartamento em Mogi das Cruzes e
passou a morar na base.
"Eles colaboram com informações, preservam a cena do
crime, auxiliam as autoridades
a chegar a locais complicados,
mas não têm o poder de prender. Eles são instruídos a não se
envolver", diz o cabo.
O modelo tem dado certo.
Quando Nunes chegou ao distrito contabilizavam-se 113
ocorrências policiais. Um ano
depois, o número caiu para 37.
De acordo com a assessoria
de imprensa da Polícia Militar,
esta é a 35ª base desse tipo no
Estado de São Paulo. "Há previsão de se ampliar esse modelo
para os municípios em que os
indicadores de violência atendam aos requisitos exigidos."
"Se a gente suspeita de alguma coisa, liga, e eles vêm rápido", diz Terezinha do Carmo,
dona de um mercadinho no povoado de Barroso, a 4 km da base. "Às vezes não é nada demais.
Outro dia, num desses carros
"suspeitos" só tinha um casal de
namorados. Eles ajudam também a filtrar as ocorrências",
conta o cabo Nunes.
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