São Paulo, domingo, 02 de maio de 2010

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Moradores ajudam a PM no policiamento de zona rural em SP

Serviço comunitário atua em Mogi das Cruzes e dá apoio à polícia preservando locais de crime e dando informações

Primeira base da Grande SP foi oficializada no dia 22; criminalidade caiu na região desde a implantação do sistema de patrulha, diz PM


JAMES CIMINO
ENVIADO ESPECIAL A MOGI DAS CRUZES

O paisagista Mitiro Nagao, 46, produz flores em Mogi das Cruzes e trabalha em São Paulo ornamentando jardins de gente famosa. Quando volta para sua casa no pacato distrito rural de Pindorama, depois de duas horas de trânsito, ainda ajuda a combater o crime.
Com um rádio amador em sua F250 ou pelo celular, recebe denúncias de furtos, assassinatos e até brigas de casais. Dependendo do caso, coloca um giroflex no teto de seu carro e vai até o local do crime.
Às vezes, isola uma área de desova de corpos, na estrada que leva a Suzano, com fita zebrada e fica lá, até a polícia chegar. Em outros casos, tira o giroflex e, com a ajuda de cinco amigos, faz perseguições a veículos furtados, dando as coordenadas para a polícia. Suas armas são um farolete, um binóculo e um guarda-chuva.
Nagao não é policial. Seu trabalho é, basicamente, ajudar a polícia e atrapalhar os bandidos. Ele faz parte de um Serviço de Vigilância Comunitária criado em 1994 pela Associação Rural de Pindorama e oficializado no último 22 de abril, quando o lugar ganhou a primeira Base Comunitária de Segurança Distrital da Grande São Paulo.
O modelo de policiamento, chamado "tyusaichô", foi importado do Japão e serve apenas para comunidades rurais. Boa parte dos 4.000 moradores de Pindorama é de nisseis, o que pode ser percebido nos nomes das estradas vicinais, onde sempre há uma placa com a frase "bairro monitorado pelo serviço de vigilância comunitária".
Pelo modelo japonês, a base distrital também serve como moradia para o policial. Com três quartos, sala, cozinha, banheiro, área de serviço e câmeras de segurança, a base/casa também foi construída em parceria: 112 produtores rurais da região doaram R$ 100 mil em materiais de construção, e a Polícia Militar bancou a mão de obra e alguns equipamentos.
O uso do giroflex e de imãs com a logomarca do Serviço de Vigilância Comunitária pelos vigilantes foi autorizado pelo departamento de trânsito.

Boca a boca
A comunicação no distrito é difícil. Só existe uma torre de telefonia celular. Por isso, os seis vigilantes, que cresceram em Pindorama e formam uma diretoria de segurança, servem também de conexão entre a população e o cabo Nunes, o único policial do local, que trabalha lá há seis anos, mas que, só no fim de 2008, deixou um apartamento em Mogi das Cruzes e passou a morar na base.
"Eles colaboram com informações, preservam a cena do crime, auxiliam as autoridades a chegar a locais complicados, mas não têm o poder de prender. Eles são instruídos a não se envolver", diz o cabo.
O modelo tem dado certo. Quando Nunes chegou ao distrito contabilizavam-se 113 ocorrências policiais. Um ano depois, o número caiu para 37.
De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, esta é a 35ª base desse tipo no Estado de São Paulo. "Há previsão de se ampliar esse modelo para os municípios em que os indicadores de violência atendam aos requisitos exigidos."
"Se a gente suspeita de alguma coisa, liga, e eles vêm rápido", diz Terezinha do Carmo, dona de um mercadinho no povoado de Barroso, a 4 km da base. "Às vezes não é nada demais. Outro dia, num desses carros "suspeitos" só tinha um casal de namorados. Eles ajudam também a filtrar as ocorrências", conta o cabo Nunes.


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