São Paulo, domingo, 02 de maio de 2010

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Ex-universitários trocam carreiras "formais" por baladas

Experiência com festas universitárias vira mercado rentável para organizadores de eventos no interior do Estado de SP

Empresa formada por amigos de universidade chega a fechar contratos de mais de R$ 1 milhão para a realização de formaturas


VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

De engenheiro elétrico, Marco Antônio Marques de Oliveira, 34, só tem o diploma. Os sete anos e meio de faculdade -dois e meio a mais do que o convencional- apuraram a vocação baladeira do ex-universitário que, de organizador de festas em repúblicas, passou a ser um dos mais bem-sucedidos empresários de eventos do Estado.
Diretor da Impacto Eventos, em Bauru, Oliveira e seus dois sócios, todos engenheiros formados pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), já realizaram mais de 180 formaturas em 22 cidades, incluindo as de nove cursos de medicina, como o da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A empresa nasceu em 1997. Os então estudantes de engenharia queriam profissionalizar as festas da Ticomia, nome da república onde moravam, que já davam lucro. O "pulo do gato" aconteceu no ano seguinte, quando a empresa passou a focar as festas de formatura. Hoje, o valor de alguns contratos ultrapassa R$ 1 milhão.
"Deixar a engenharia foi a decisão mais importante da minha vida", afirma Oliveira, que era de Ribeirão Preto. Pudera. O padrão de vida do empresário dificilmente seria o mesmo hoje se ele tivesse escolhido trabalhar para empresas.
"Não tenho do que reclamar. Tenho minha casa [em um bairro nobre de Bauru], viajo duas vezes por ano para o exterior. E o mais importante de tudo é que a gente trabalha em benefício próprio", diz.
O economista Alexandre Cortez Sabino, 26, segue caminho parecido. Dono da Alive, Sabino realiza, em parceria com a Atlética da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), uma das maiores festas universitárias de São Paulo, a Entorta Bixo. A festa reuniu cerca de 40 mil pessoas em dois dias de evento.
"Quando entrei na faculdade, eu não imaginava que trabalharia com eventos, mas eu já queria ser empreendedor", afirma.
Do tipo discreto, ele fala pouco sobre quanto já ganhou fazendo festas, embora tenha independência financeira e viva com o dinheiro dos eventos que realiza. "Eu invisto o dinheiro na empresa. Festas como o Entorta precisam de um capital de giro alto", afirma Sabino.
Em São José do Rio Preto, Fred Tonelli, 25, também trocou um curso universitário pela carreira de empresário de eventos, mas não morou em repúblicas. Primeiro, promoveu um churrasco para 800 convidados quando ainda estava no 3º ano do ensino médio e conseguiu ter lucro com a brincadeira. Depois, vieram os trabalhos para casas noturnas e eventos, até a matrícula no curso de administração de empresas na sua cidade natal.
Dono da Aliamza, ele comanda o weekend mais badalado do interior do Estado, o La Locomotive, que acontece sempre em maio, durante três dias, em Rio Preto. "Tudo o que você faz na vida é uma questão de perfil. Tenho amigos que gostam de trabalhar atrás de uma mesa de escritório, que sabem receber e repassar ordens. Eu não tenho esse perfil. Hoje, eu posso ganhar muito mais do que eles, mas meu negócio é volúvel, envolve muito mais risco. Amanhã, eles é que podem estar ganhando mais do que eu", diz.


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