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Ex-universitários trocam carreiras "formais" por baladas
Experiência com festas universitárias vira mercado rentável para organizadores de eventos no interior do Estado de SP
Empresa formada por amigos de universidade chega a fechar contratos de mais de R$ 1 milhão para a realização de formaturas
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
De engenheiro elétrico, Marco Antônio Marques de Oliveira, 34, só tem o diploma. Os sete
anos e meio de faculdade -dois
e meio a mais do que o convencional- apuraram a vocação
baladeira do ex-universitário
que, de organizador de festas
em repúblicas, passou a ser um
dos mais bem-sucedidos empresários de eventos do Estado.
Diretor da Impacto Eventos,
em Bauru, Oliveira e seus dois
sócios, todos engenheiros formados pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), já realizaram mais de 180 formaturas
em 22 cidades, incluindo as de
nove cursos de medicina, como
o da Unicamp (Universidade
Estadual de Campinas).
A empresa nasceu em 1997.
Os então estudantes de engenharia queriam profissionalizar as festas da Ticomia, nome
da república onde moravam,
que já davam lucro. O "pulo do
gato" aconteceu no ano seguinte, quando a empresa passou a
focar as festas de formatura.
Hoje, o valor de alguns contratos ultrapassa R$ 1 milhão.
"Deixar a engenharia foi a decisão mais importante da minha vida", afirma Oliveira, que
era de Ribeirão Preto. Pudera.
O padrão de vida do empresário
dificilmente seria o mesmo hoje se ele tivesse escolhido trabalhar para empresas.
"Não tenho do que reclamar.
Tenho minha casa [em um
bairro nobre de Bauru], viajo
duas vezes por ano para o exterior. E o mais importante de tudo é que a gente trabalha em
benefício próprio", diz.
O economista Alexandre
Cortez Sabino, 26, segue caminho parecido. Dono da Alive,
Sabino realiza, em parceria
com a Atlética da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de
Ribeirão Preto), uma das maiores festas universitárias de São
Paulo, a Entorta Bixo. A festa
reuniu cerca de 40 mil pessoas
em dois dias de evento.
"Quando entrei na faculdade,
eu não imaginava que trabalharia com eventos, mas eu já queria ser empreendedor", afirma.
Do tipo discreto, ele fala pouco sobre quanto já ganhou fazendo festas, embora tenha independência financeira e viva
com o dinheiro dos eventos que
realiza. "Eu invisto o dinheiro
na empresa. Festas como o Entorta precisam de um capital de
giro alto", afirma Sabino.
Em São José do Rio Preto,
Fred Tonelli, 25, também trocou um curso universitário pela
carreira de empresário de
eventos, mas não morou em repúblicas. Primeiro, promoveu
um churrasco para 800 convidados quando ainda estava no
3º ano do ensino médio e conseguiu ter lucro com a brincadeira. Depois, vieram os trabalhos para casas noturnas e
eventos, até a matrícula no curso de administração de empresas na sua cidade natal.
Dono da Aliamza, ele comanda o weekend mais badalado do
interior do Estado, o La Locomotive, que acontece sempre
em maio, durante três dias, em
Rio Preto. "Tudo o que você faz
na vida é uma questão de perfil.
Tenho amigos que gostam de
trabalhar atrás de uma mesa de
escritório, que sabem receber e
repassar ordens. Eu não tenho
esse perfil. Hoje, eu posso ganhar muito mais do que eles,
mas meu negócio é volúvel, envolve muito mais risco. Amanhã, eles é que podem estar ganhando mais do que eu", diz.
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