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PIAUÍ
Professora obriga garota de dez anos a escrever "Eu sou mais besta"
Castigo escolar causa indignação
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma professora de Teresina
obrigou uma aluna de dez anos a
escrever cem vezes no caderno:
"Eu sou mais besta que a Jeane".
O castigo foi aplicado na sexta-feira da semana passada, depois
que Alrealanny Lima Ribeiro chamou a colega Jeane de besta durante a aula. "Foi muito ruim ter
escrito. Eu acho que a professora
foi muito ignorante em me obrigar a fazer isso."
O caderno com o castigo e o visto da professora foi descoberto na
mesma tarde por Alcemar Lima,
53, avô da menina, com quem ela
mora. Ele ficou revoltado e procurou o Instituto Educacional Gonzaga Cavalcante, formado por
uma cooperativa de professores,
onde Alrealanny cursava a 2ª série
do ensino fundamental. A mensalidade é de R$ 60.
"A diretora me garantiu que ela
[a professora" seria afastada, mas
na segunda-feira ainda estava lá."
Como o avô havia orientado a
neta para não entrar na sala caso a
professora não tivesse sido substituída, Alrealanny teve de fazer
uma prova no balcão de recepção.
A reportagem procurou ontem
a diretora da instituição, identificada apenas como Arlete, e a professora que teria aplicado o castigo, Samara. Outra professora da
escola, que não quis dizer o nome,
informou que elas não iriam se
pronunciar sobre o caso.
"Esse avô é uma pessoa muito
nervosa, que só está querendo
aparecer na mídia. A escola reconhece que errou, e a própria professora já se arrependeu."
"Escrever aquilo é o mesmo que
ela dizer a si mesma que não presta, que é inútil", disse o avô.
Apesar de admitir o erro, o conselho da cooperativa decidiu em
reunião que o caso não era motivo para demissão. "Não podemos
perder uma boa profissional só
por causa de um erro bobo."
A partir de segunda, Alrealanny
irá frequentar outra escola. "Ninguém ficou do meu lado, só minha prima que estuda lá", disse.
"Ela não respeitava a professora
e os colegas, brigava, gritava, rasgava as tarefas", afirmou a professora da instituição.
Para a psicóloga Maria Cristina
Vicentim, professora da PUC-SP,
esse tipo de castigo é uma violência. "É um ataque ao direito, ao
respeito e à integridade que toda
criança tem. Pode até trazer danos psíquicos e de auto-estima."
Lima fez uma denúncia ao Conselho Tutelar da Criança e do
Adolescente, que irá entrar com
uma representação no Ministério
Público contra a escola.
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