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Para cada rádio pirata fechada em SP, ao menos uma é criada
Até o mês de maio, foram interrompidas 84 transmissões, mas outros 88 casos foram denunciados à Procuradoria
No Rio, 35 rádios piratas foram fechadas contra 26 no Distrito Federal até o último dia 31; em todo o país, 597 deixaram de funcionar
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Para cada rádio pirata fechada neste ano no Estado de São
Paulo, pelo menos uma nova
surgiu ou reabriu. Até maio, foram interrompidas 84 transmissões clandestinas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), mas 88 novos
casos chegaram para o Ministério Público Federal investigar.
Levantamento da Anatel
mostra que, no mesmo período,
35 rádios piratas foram fechadas no Rio contra 26 no Distrito Federal até o último dia 31.
Em todo o país, 597 rádios clandestinas deixaram de funcionar. Em 2006, foram 1.602.
A proporção fechamento/
surgimento das piratas em São
Paulo preocupa o órgão responsável por fiscalizá-las e
também a Procuradoria da República, que apura o caso. As rádios ilegais, informam, podem
interferir na comunicação de
aviões, como na última terça.
Dados do SRPV (Serviço Regional de Proteção ao Vôo)
apontam que, desde o ano passado, o número de interferências nas comunicações do centro de controle aéreo de São
Paulo pelas rádios piratas cresceu 434,4%, saltando de 32 registros, em janeiro de 2006, para 171 até maio. A média foi de 1
para 6 interferências por dia.
Na terça, a interferência de
rádios piratas na freqüência da
Aeronáutica causou "apagão"
de seis minutos no sistema de
comunicação. Zunidos, pregações evangélicas e músicas de
Fábio Jr. sobrepunham-se às
falas de controladores de vôos e
dos pilotos das aeronaves.
Para não pôr em risco a vida
de passageiros e pilotos, que
dependem da conversa com
controladores para executar
pousos e decolagens, o SRPV
fechou, das 9h50 às 9h56, os
dois principais aeroportos do
país: Congonhas e Cumbica.
No dia seguinte, equipamentos de transmissão de uma rádio pirata evangélica, no Grajaú
(zona norte), foram apreendidos pela Anatel. Eles teriam
causado as interferências. Ninguém foi preso na ocasião.
"Temos que ser linha dura
porque estão desrespeitando as
normas de segurança. Pedirei a
ajuda da Justiça para responsabilizar criminalmente. A lei
prevê dois anos de detenção para quem faz isso", disse o ministro das Comunicações, Hélio
Costa, na quarta passada. A lei,
porém, permite ao acusado responder ao crime em liberdade.
E caso seja condenado, terá de
prestar serviços comunitários.
E a situação pode piorar, informa a Procuradoria da República em São Paulo. O motivo?
O fato de a fiscalização não encontrar, na maioria dos casos,
os estúdios das rádios piratas
nem seus responsáveis -geralmente são apreendidas antenas
transmissoras longe da estação.
Assim, os donos das piratas
continuam agindo porque, no
máximo, "perdem" um transmissor, que custa em média R$
200, segundo a Procuradoria.
"É barato montar uma rádio
pirata. Basta um transmissor,
um aparelho de CD, uma mesinha e um microfone", afirma
Fábio Fleury, produtor musical
e professor da disciplina de ética, legislação e trabalho em rádio no Senac, em Bauru.
Uma rádio é pirata quando
não possui a outorga do serviço
do Ministério das Comunicações e a licença de uso para operar a radiofreqüência determinada pela Anatel. Segundo a
agência, migração de antenas,
mudanças de freqüências e
ameaças de morte a funcionários dificultam a fiscalização. O
órgão diz que boletins de ocorrência foram registrados sobre
fiscais "recebidos por pessoas
armadas e cachorros." Atualmente, as polícias civil e federal
acompanham a Anatel.
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