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Jovem morre ao ser baleado 2 vezes em 16 dias
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
Morador da Vila Cruzeiro, Silas Rodrigo de Oliveira, 19, foi
duas vezes vítima do conflito
no complexo do Alemão. Na
tarde de 2 de maio, primeiro dia
da ação da polícia na região, foi
atingido por uma bala perdida
no pé esquerdo. Levado para o
HGV (Hospital Getúlio Vargas), na Penha (zona norte), foi
liberado no mesmo dia, após
ser medicado. Dezesseis dias
depois, voltou ao HGV, morto
por uma bala no pescoço.
Silas é um dos 17 mortos no
conflito. Segundo levantamento da Folha, desse total, 13 estão identificados e apenas quatro têm anotações criminais.
Um deles é Márcio Greik Lima dos Santos, 25, apontado
pela polícia como o traficante
que, em abril de 2001, foi resgatado do HGB (Hospital Geral
de Bonsucesso) por 20 homens
armados de fuzis, usando coletes da Polícia Civil. Greik foi
baleado dia 11, na favela da
Grota e morreu no Hospital
Azevedo Lima, em Niterói.
Outros mortos no confronto
com passagem pela polícia são
Marcus Vinícius Rodrigues
Pontes, 30; Armando Carvalho
de Moraes, 20; e Luiz Henrique
Ramos de Almeida, 24.
Crimes
Marcus Vinícius, conhecido
como Gato Preto, foi preso em
2002, na área da 22ª DP (Penha), por tráfico. Naquele ano,
Moraes passou a responder por
homicídio na 54ª DP (Belford
Roxo), na Baixada Fluminense.
Em 2005, ele voltou à 54ª DP
pelo mesmo crime.
Já Almeida foi preso pela primeira vez em 2001, na região da
35ª DP(Campo Grande) por
porte de arma. Dois anos depois, ele passou a responder
por tráfico na área da 34ª DP
(Bangu). Na conta dos 17 mortos em um mês, figuram também o soldado do Bope (Batalhão de Operações Especiais)
da PM Wilson Sant'Anna Lopes, 28; a dona-de-casa Maria
Auxiliadora Gomes, 53; o aposentado que vendia doces em
frente a escolas da região, Wilson Félix Pereira, 65, e Yuri Andrade da Rosa, 12.
Yuri foi atingido na cabeça
por um tiro de fuzil, enquanto
jogava bola de gude com colegas na tarde do dia 27. Parentes
do menino disseram que não
pretendem processar o Estado,
porque de nada adiantaria fazê-lo, mas querem a apuração sobre o autor do disparo. O avô de
Yuri, Natalino Teresino, deixou
o complexo do Alemão, e disse
que o neto queria ser militar,
"quando crescesse".
Segundo a polícia, os demais
seriam todos traficantes.
Um policial civil que trabalhou na identificação das vítimas contou que os outros mortos, se forem traficantes, são
"pés-de-chinelo".
O policial destacou, ainda,
que outro motivo para os mortos apontados como bandidos
não terem passagem pela polícia pode ser o uso de nome e documento falso. Ou ainda "porque os PMs chamam qualquer
fogueteiro de fim de semana de
liderança do CV".
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