São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Jovem morre ao ser baleado 2 vezes em 16 dias

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

Morador da Vila Cruzeiro, Silas Rodrigo de Oliveira, 19, foi duas vezes vítima do conflito no complexo do Alemão. Na tarde de 2 de maio, primeiro dia da ação da polícia na região, foi atingido por uma bala perdida no pé esquerdo. Levado para o HGV (Hospital Getúlio Vargas), na Penha (zona norte), foi liberado no mesmo dia, após ser medicado. Dezesseis dias depois, voltou ao HGV, morto por uma bala no pescoço.
Silas é um dos 17 mortos no conflito. Segundo levantamento da Folha, desse total, 13 estão identificados e apenas quatro têm anotações criminais.
Um deles é Márcio Greik Lima dos Santos, 25, apontado pela polícia como o traficante que, em abril de 2001, foi resgatado do HGB (Hospital Geral de Bonsucesso) por 20 homens armados de fuzis, usando coletes da Polícia Civil. Greik foi baleado dia 11, na favela da Grota e morreu no Hospital Azevedo Lima, em Niterói.
Outros mortos no confronto com passagem pela polícia são Marcus Vinícius Rodrigues Pontes, 30; Armando Carvalho de Moraes, 20; e Luiz Henrique Ramos de Almeida, 24.

Crimes
Marcus Vinícius, conhecido como Gato Preto, foi preso em 2002, na área da 22ª DP (Penha), por tráfico. Naquele ano, Moraes passou a responder por homicídio na 54ª DP (Belford Roxo), na Baixada Fluminense. Em 2005, ele voltou à 54ª DP pelo mesmo crime.
Já Almeida foi preso pela primeira vez em 2001, na região da 35ª DP(Campo Grande) por porte de arma. Dois anos depois, ele passou a responder por tráfico na área da 34ª DP (Bangu). Na conta dos 17 mortos em um mês, figuram também o soldado do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PM Wilson Sant'Anna Lopes, 28; a dona-de-casa Maria Auxiliadora Gomes, 53; o aposentado que vendia doces em frente a escolas da região, Wilson Félix Pereira, 65, e Yuri Andrade da Rosa, 12.
Yuri foi atingido na cabeça por um tiro de fuzil, enquanto jogava bola de gude com colegas na tarde do dia 27. Parentes do menino disseram que não pretendem processar o Estado, porque de nada adiantaria fazê-lo, mas querem a apuração sobre o autor do disparo. O avô de Yuri, Natalino Teresino, deixou o complexo do Alemão, e disse que o neto queria ser militar, "quando crescesse".
Segundo a polícia, os demais seriam todos traficantes.
Um policial civil que trabalhou na identificação das vítimas contou que os outros mortos, se forem traficantes, são "pés-de-chinelo".
O policial destacou, ainda, que outro motivo para os mortos apontados como bandidos não terem passagem pela polícia pode ser o uso de nome e documento falso. Ou ainda "porque os PMs chamam qualquer fogueteiro de fim de semana de liderança do CV".


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