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Diretor de presídio federal se demite
Ronaldo Urbano dirigia penitenciária de Catanduvas desde a inauguração; deixou cargo após acusações de irregularidades
Demissão foi anunciada anteontem, mesmo dia em que comissão de deputados foi checar problemas apontados há 45 dias
MARI TORTATO
DA AGENCIA FOLHA, EM CURITIBA
O diretor da penitenciária federal de Catanduvas (PR), Ronaldo Urbano, pediu demissão
do cargo anteontem. Mesmo
dia em que uma comissão da
Câmara dos Deputados visitou
a penitenciária para checar os
relatos de problemas.
A direção do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério da Justiça,
informou que não há relação
entre os fatos. O órgão informou que a saída foi por iniciativa própria, ocorreu há alguns
dias, e publicada no "Diário Oficial" somente anteontem.
O afastamento ocorreu 45
dias após a Folha revelar problemas decorrentes de uma
queda-de-braço entre o ex-diretor e agentes penitenciários
da unidade, inaugurada em junho do ano passado, alardeada
como superpresídio na época.
Urbano não foi localizado
ontem para comentar sua saída. A reportagem também não
conseguiu contato com o Sindicato dos Agentes Penitenciários Federais de Catanduvas.
O delegado aposentado da
PF Francisco de Assis assumiu
a função interinamente. Destacado para dirigir o terceiro presídio federal de segurança máxima, que o governo deve inaugurar no próximo semestre em
Mossoró (RN), Assis ficará na
direção de Catanduvas até a escolha do próximo diretor.
Urbano dirigia a penitenciária desde sua inauguração. O
traficante Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi o primeiro a ocupar a
cadeia. Hoje são 164 detentos,
com 208 vagas ao todo.
Relatório
Os problemas apontados pela Folha no presídio constam
em um relatório interno do
serviço de inteligência da PF. O
documento apontava a existência de agentes penitenciários com antecedentes criminais e desvios de conduta, falhas graves de segurança, influência de presos -como Beira-Mar- sobre os agentes e a
prática de tortura contra presos, entre outros pontos.
A disputa interna na unidade, segundo o relatório, foi motivada pela decisão do Ministério da Justiça de vincular os
agentes ao Depen, e colocar homens da PF nos cargos de chefia da cadeia. O Depen disse, na
época, que o relatório retratava
um cenário do período da inauguração do presídio, sem refletir a realidade da unidade.
A comissão que visitou Catanduvas ainda não apresentou
o relatório. O deputado João
Campos (PSDB-GO), presidente da comissão, confirmou a investigação sobre tortura, mas
não constatou a influência de
presos nem a possibilidade de
comunicação externa.
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