|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Geradores de trânsito têm "imunidade" desde 2003
Lei permite que locais funcionem até conclusão da análise do pedido de anistia
Dos 8 empreendimentos sem Habite-se, 6 estão livres de fiscalização e punição; Ministério Público acusa
a prefeitura de omissão
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis dos oito pólos geradores
de tráfego da cidade de São
Paulo que não contam com Habite-se têm "imunidade", expressão da prefeitura, e, portanto, não podem ser fiscalizados nem punidos.
Esses estabelecimentos são
os shoppings Iguatemi, Center
Norte, Aricanduva e Eldorado,
a universidade Uninove e o colégio Mackenzie.
Sem a mesma "imunidade", o
recém-inaugurado Bourbon
Shopping Pompéia foi multado
em R$ 23 milhões por funcionar sem Habite-se.
A imunidade vem de uma lei
sancionada pela ex-prefeita
Marta Suplicy (PT), a número
13.558, de 2003, que deu oportunidade de anistia às construções irregulares.
"Quando o dono do empreendimento entra com um
processo de anistia na prefeitura, ele recebe uma imunidade
provisória, que vale até que tramite em todas as instâncias",
disse, por meio de uma nota, a
Secretaria de Transportes.
Ainda de acordo com a secretaria, durante esse período, "os
técnicos de todas as secretarias
envolvidas estudam as pendências e podem ou não conceder o
alvará definitivo".
Cinco anos
O "provisório" para o município de São Paulo nesse caso já
dura cinco anos e ainda não
tem prazo para acabar. Dessa
forma, mesmo estando em situação irregular, os empreendimentos ficam livres dos incômodos da legislação.
Ao lado do Bourbon Shopping Pompéia, o colégio Mackenzie também não se vale dessa lei. O colégio, segundo a prefeitura, possui "projeto de execução de obras aprovado": "Ao
final,um auto de conclusão será
expedido, caso não tenha nenhuma irregularidade. Está de
acordo com a legislação".
Para o promotor José Carlos
Freitas (Habitação), essa demora para análise dos pedidos
de anistia é injustificável e pode
ensejar até um mandado de segurança contra o município e,
em conseqüência, um processo
de improbidade administrativa
contra os responsáveis.
"O abuso de poder pode se
dar até na omissão. A omissão,
ou demora em decidir, significa
o mesmo que não decidir ou
não querer decidir. Quando a
administração demora tanto
tempo, ela está optando por
não decidir. Então, pode ensejar, inclusive, mandado de segurança por omissão. E abuso
de poder pode gerar, inclusive,
ato de improbidade administrativa", disse ele.
A Folha solicitou à prefeitura alguém que pudesse responder às questões sobre o tema. O
que a prefeitura pretende fazer
e o que já fez com relação aos
estabelecimentos? Qual é motivo para essa demora em analisar os pedidos de anistia?
Ninguém foi apresentado para fazer os esclarecimentos.
(ROGÉRIO PAGNAN e ALENCAR IZIDORO)
Texto Anterior: Prédios que mais afetam trânsito não têm licença Próximo Texto: Frase Índice
|