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RUBEM ROCHA FILHO (1939-2008)
Toda a teatralidade cabe em uma voz
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Era um "tipo popular" no
Nordeste o tal Rubem Rocha
Filho. Quase todo pernambucano, em algum momento
da vida, travou contato com
ele -ao menos com sua "voz
de teatro", que emprestava a
filmes e peças, campanhas
políticas e comerciais de TV.
"Tinha o poder da palavra."
Havia até quem com ele
aprendeu a ler, nos livros infantis como "Tilico no Meio
da Rua". Por isso ligavam os
fãs para o programa "Sexta
Cultural", em que o autor batia papo com convidados; era
para dar parabéns, prestar
homenagem ou contar alguma grande história de vida.
A dele não era menor. Carioca formado em ciências
sociais, foi logo fazer teatro,
dizia, até com Cacilda Becker. Até aceitar o convite para dirigir no Teatro Popular
do Nordeste, em 1968. Fez
mestrado nos Estados Unidos, doutorado na Inglaterra
e, após uma década de 70 à
inglesa, escrevendo programas para a BBC de Londres,
voltou a Pernambuco.
Dirigiu peças como "O Anjo Azul", atuou em filmes como "Baile Perfumado" e se
entregou à "Paixão de Cristo", evento teatral de Nova
Jerusalém (PE) -"o maior
espetáculo da terra, no maior
teatro ao ar livre do mundo".
Mas Rocha Filho temia a
velhice. Há três anos, após
ser premiado em um concurso sobre maturidade, enxotou o discurso da melhor idade. "Só temos medos: solidão, doença, abandono".
Morreu quarta, aos 68, de falência múltipla dos órgãos.
Solteiro, não tinha filhos.
obituario@folhasp.com.br
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