São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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"Não atirei para matar", diz envolvido em briga no trânsito

Ismael Silva, que matou rapaz após discussão na zona sul, entregou-se à polícia e participou da encenação do crime

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, Silva foi investigado por receptação e não tinha porte de arma; ele alega legítima defesa

DO "AGORA"

O comerciante Ismael Vieira da Silva, 23, que confessou ter matado com um tiro o estudante Alexandre Andrade Reyes, 18, em uma suposta briga de trânsito no dia 23 de maio, no Jabaquara (zona sul de São Paulo), entregou-se ontem à polícia e, durante quase cinco horas, participou da "reprodução simulada" -como peritos chamam a encenação de todas as versões- do crime.
Na primeira vez em que se apresentou à polícia, na terça-feira passada, Silva, estudante do quarto ano de direito na Unib (Universidade Ibirapuera), comprometeu-se a colaborar com a polícia. Entretanto, como faltou a alguns procedimentos, a Justiça decretou na quinta-feira sua prisão temporária por dez dias.
A simulação começou às 11h e terminou pouco antes das 16h. Silva alegou legítima defesa e disse que a briga começou quando três jovens, entre eles Reyes, todos dentro de um Corsa, mexeram com sua namorada, dois semáforos antes do local do crime.
Na simulação, amigos e parentes de Silva apresentaram faixas com os dizeres: "Ismael, a verdade prevalecerá. Estamos com você". A polícia mandou que as faixas fossem retiradas.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, Silva não tem porte de arma e tem passagem pela polícia por receptação.
À polícia Silva disse que atirou porque foi atacado por sete pessoas, amigos de Reyes. Ele disse ter pensado que os jovens iriam atacar sua namorada, que participou da simulação.
Silva afirmou que o motorista do Corsa bateu na traseira de sua picape Montana e que, quando desceu para verificar o estrago, os passageiros do Corsa desembarcaram e começaram a discutir. Segundo Silva, os amigos de Reyes o atacaram com socos e pontapés e quebraram o vidro do seu carro.
"Desci do carro para ver como tinha sido a colisão, mas eles já vieram para cima, em ritmo de briga. Viram que meu perfil era fraco e começaram a me bater", disse Silva à imprensa ontem, na 2ª Delegacia Seccional Sul.
O comerciante disse que correu para o carro, pegou uma pistola calibre 380, se abaixou e, de dentro do veículo, atirou para trás. O disparo acertou Reyes no queixo e saiu pela nuca. A arma não foi achada, já que Silva disse que a jogou fora.
"Tentei de diversas formas entrar no carro para fugir, mas eles não deixavam, seguravam. O único alerta que tive foi pegar a arma e disparar. Mas não atirei para matar ninguém. Só queria dispersá-los de cima de mim", contou Silva, que se diz arrependido. "Não imaginei que iria dar tanta repercussão."

Contestação
A madrinha de Reyes, Sylvana da Silva Andrade Pivotto, 46, contestou a versão de Silva e disse que o estudante era uma pessoa calma.
A defesa de Silva pediu à Justiça o relaxamento de sua prisão e, enquanto o pedido não é julgado, ele ficará preso no 77º DP (Santa Cecília).


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