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"Não atirei para matar", diz envolvido em briga no trânsito
Ismael Silva, que matou rapaz após discussão na zona sul, entregou-se à polícia e participou da encenação do crime
Segundo a Secretaria da
Segurança Pública, Silva foi
investigado por receptação
e não tinha porte de arma;
ele alega legítima defesa
DO "AGORA"
O comerciante Ismael Vieira
da Silva, 23, que confessou ter
matado com um tiro o estudante Alexandre Andrade Reyes,
18, em uma suposta briga de
trânsito no dia 23 de maio, no
Jabaquara (zona sul de São
Paulo), entregou-se ontem à
polícia e, durante quase cinco
horas, participou da "reprodução simulada" -como peritos
chamam a encenação de todas
as versões- do crime.
Na primeira vez em que se
apresentou à polícia, na terça-feira passada, Silva, estudante
do quarto ano de direito na
Unib (Universidade Ibirapuera), comprometeu-se a colaborar com a polícia. Entretanto,
como faltou a alguns procedimentos, a Justiça decretou na
quinta-feira sua prisão temporária por dez dias.
A simulação começou às 11h e
terminou pouco antes das 16h.
Silva alegou legítima defesa e
disse que a briga começou
quando três jovens, entre eles
Reyes, todos dentro de um Corsa, mexeram com sua namorada, dois semáforos antes do local do crime.
Na simulação, amigos e parentes de Silva apresentaram
faixas com os dizeres: "Ismael,
a verdade prevalecerá. Estamos
com você". A polícia mandou
que as faixas fossem retiradas.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, Silva não tem
porte de arma e tem passagem
pela polícia por receptação.
À polícia Silva disse que atirou porque foi atacado por sete
pessoas, amigos de Reyes. Ele
disse ter pensado que os jovens
iriam atacar sua namorada, que
participou da simulação.
Silva afirmou que o motorista do Corsa bateu na traseira de
sua picape Montana e que,
quando desceu para verificar o
estrago, os passageiros do Corsa desembarcaram e começaram a discutir. Segundo Silva,
os amigos de Reyes o atacaram
com socos e pontapés e quebraram o vidro do seu carro.
"Desci do carro para ver como tinha sido a colisão, mas
eles já vieram para cima, em ritmo de briga. Viram que meu
perfil era fraco e começaram a
me bater", disse Silva à imprensa ontem, na 2ª Delegacia Seccional Sul.
O comerciante disse que correu para o carro, pegou uma
pistola calibre 380, se abaixou
e, de dentro do veículo, atirou
para trás. O disparo acertou Reyes no queixo e saiu pela nuca.
A arma não foi achada, já que
Silva disse que a jogou fora.
"Tentei de diversas formas
entrar no carro para fugir, mas
eles não deixavam, seguravam.
O único alerta que tive foi pegar
a arma e disparar. Mas não atirei para matar ninguém. Só
queria dispersá-los de cima de
mim", contou Silva, que se diz
arrependido. "Não imaginei
que iria dar tanta repercussão."
Contestação
A madrinha de Reyes, Sylvana da Silva Andrade Pivotto, 46,
contestou a versão de Silva e
disse que o estudante era uma
pessoa calma.
A defesa de Silva pediu à Justiça o relaxamento de sua prisão e, enquanto o pedido não é
julgado, ele ficará preso no 77º
DP (Santa Cecília).
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