São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO

Parentes reclamam de falta de informação

Famílias se queixavam da demora para confirmar nomes; herdeiro de d. Pedro 2º e casal recém-casado estavam no avião

Familiares e amigos diziam, sem convicção, ter esperança de reencontrar desaparecidos; Air France só vai divulgar nomes após contatar parentes


ITALO NOGUEIRA
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Os familiares e amigos dos passageiros do voo AF 447 da Air France dormiram aguardando ligações sobre o início de uma viagem de férias ou sobre as novidades de um encontro de negócios, mas acordaram sob o choque da notícia do desaparecimento da aeronave, divulgada desde as 7h30 por rádio, televisão e internet.
A romaria de familiares ao aeroporto internacional Antonio Carlos Jobim começou cedo. Alguns afirmavam, sem convicção, ter esperança de reencontrar os desaparecidos.
A professora aposentada Vasthi Ester Van Sluijs, 70, lembrava da última ligação que havia trocado com a filha, a jornalista Adriana Francisco, 40, antes de embarcar para Paris, onde faria conexão para Seul (Coreia do Sul). Segundo ela, a filha é assessora de imprensa da presidência da Petrobras.
"Ela me ligou e falou: "Mamãe, você não vem se despedir de mim, não?" Eu desejei a ela boa viagem, e que Deus a protegesse. Ela viajaria na semana passada, mas a viagem acabou cancelada. Se eu tivesse dinheiro, teria ido com ela, porque ela tem medo de avião", disse.
Alguns passageiros queixaram-se da falta de informações por parte da empresa. Eles eram encaminhados a uma sala da Infraero no terminal 1 e, em seguida, levados para o prédio administrativo da Infraero.
Um familiar de passageiro, que não se identificou, reclamou da demora em confirmar nomes. "[Tinha] Várias pessoas [na sala onde estavam os parentes], sendo chamados um por um, em vez de passar a listagem toda para a gente."
A Air France informou ontem que só vai divulgar os nomes dos passageiros após contatar todos os familiares.
A apreensão se estendeu até para parentes de passageiros de outros voos da Air France. Familiares de pessoas que embarcaram no voo AF 443, por volta das 16h, foram levados para a sala onde estavam os familiares dos passageiros do voo AF 447.
Um deles era o funcionário público Bernardo Ciriaco, irmão do coreógrafo Gustavo Ciriaco. Segundo ele, o irmão chegou a ter o nome deslocado para o voo AF 447. Mas, como havia comprado passagem para o voo das 16h, "brigou muito para embarcar". "Por três pessoas, [meu irmão] não teria ido nesse voo das 16h. Ele teve que brigar muito para embarcar nesse voo. Foi a briga da vida dele."
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, foi ao prédio da Infraero solidarizar-se com a família de Marcelo Parente, 38, seu chefe de gabinete. Os dois trabalham juntos desde 1993. "É um sofrimento muito grande", disse. Parente não tinha filhos e fazia uma viagem com a mulher.
O cônsul da França no Rio, Hugo Goisbault, afirmou que o acidente é "uma tragédia muito forte, a mais importante da Air France em 70 anos". Para ele, não há sobreviventes.
Os passageiros que foram encaminhados ontem para o salão da Infraero eram recepcionados por funcionários da Anac, da Infraero e da Air France e representantes de consulados. Segundo a companhia aérea francesa, também havia médicos e psicólogos no local.
A Air France reservou 150 quartos em um hotel da Barra da Tijuca para os parentes das vítimas. Para receber os parentes dos passageiros do voo AF 447, a empresa disponibilizou três espaços: a sala VIP no terminal 1 do Galeão, o salão nobre da Infraero, anexo ao aeroporto, e uma sala no hotel Windsor, na Barra da Tijuca.


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