|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO
Parentes reclamam de falta de informação
Famílias se queixavam da demora para confirmar nomes; herdeiro de d. Pedro 2º e casal recém-casado estavam no avião
Familiares e amigos diziam, sem convicção, ter esperança de reencontrar desaparecidos; Air France só vai divulgar nomes após contatar parentes
ITALO NOGUEIRA
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Os familiares e amigos dos
passageiros do voo AF 447 da
Air France dormiram aguardando ligações sobre o início de
uma viagem de férias ou sobre
as novidades de um encontro
de negócios, mas acordaram
sob o choque da notícia do desaparecimento da aeronave, divulgada desde as 7h30 por rádio, televisão e internet.
A romaria de familiares ao
aeroporto internacional Antonio Carlos Jobim começou cedo. Alguns afirmavam, sem
convicção, ter esperança de
reencontrar os desaparecidos.
A professora aposentada
Vasthi Ester Van Sluijs, 70,
lembrava da última ligação que
havia trocado com a filha, a jornalista Adriana Francisco, 40,
antes de embarcar para Paris,
onde faria conexão para Seul
(Coreia do Sul). Segundo ela, a
filha é assessora de imprensa
da presidência da Petrobras.
"Ela me ligou e falou: "Mamãe, você não vem se despedir
de mim, não?" Eu desejei a ela
boa viagem, e que Deus a protegesse. Ela viajaria na semana
passada, mas a viagem acabou
cancelada. Se eu tivesse dinheiro, teria ido com ela, porque ela
tem medo de avião", disse.
Alguns passageiros queixaram-se da falta de informações
por parte da empresa. Eles
eram encaminhados a uma sala
da Infraero no terminal 1 e, em
seguida, levados para o prédio
administrativo da Infraero.
Um familiar de passageiro,
que não se identificou, reclamou da demora em confirmar
nomes. "[Tinha] Várias pessoas
[na sala onde estavam os parentes], sendo chamados um
por um, em vez de passar a listagem toda para a gente."
A Air France informou ontem que só vai divulgar os nomes dos passageiros após contatar todos os familiares.
A apreensão se estendeu até
para parentes de passageiros de
outros voos da Air France. Familiares de pessoas que embarcaram no voo AF 443, por volta
das 16h, foram levados para a
sala onde estavam os familiares
dos passageiros do voo AF 447.
Um deles era o funcionário
público Bernardo Ciriaco, irmão do coreógrafo Gustavo Ciriaco. Segundo ele, o irmão chegou a ter o nome deslocado para o voo AF 447. Mas, como havia comprado passagem para o
voo das 16h, "brigou muito para
embarcar". "Por três pessoas,
[meu irmão] não teria ido nesse
voo das 16h. Ele teve que brigar
muito para embarcar nesse
voo. Foi a briga da vida dele."
O prefeito do Rio, Eduardo
Paes, foi ao prédio da Infraero
solidarizar-se com a família de
Marcelo Parente, 38, seu chefe
de gabinete. Os dois trabalham
juntos desde 1993. "É um sofrimento muito grande", disse.
Parente não tinha filhos e fazia
uma viagem com a mulher.
O cônsul da França no Rio,
Hugo Goisbault, afirmou que o
acidente é "uma tragédia muito
forte, a mais importante da Air
France em 70 anos". Para ele,
não há sobreviventes.
Os passageiros que foram encaminhados ontem para o salão
da Infraero eram recepcionados por funcionários da Anac,
da Infraero e da Air France e representantes de consulados.
Segundo a companhia aérea
francesa, também havia médicos e psicólogos no local.
A Air France reservou 150
quartos em um hotel da Barra
da Tijuca para os parentes das
vítimas. Para receber os parentes dos passageiros do voo AF
447, a empresa disponibilizou
três espaços: a sala VIP no terminal 1 do Galeão, o salão nobre
da Infraero, anexo ao aeroporto, e uma sala no hotel Windsor, na Barra da Tijuca.
Texto Anterior: Fora do país, Lula "lamenta profundamente" Próximo Texto: Cirurgião viajava com a família para a Grécia Índice
|