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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO
Falta de radar no oceano deixa aviões "invisíveis"
Caso aeronave tenha problema, dado não aparece imediatamente no controle aéreo
Governos e empresas do mundo inteiro estão em fase de implantação de tecnologia para substituir
os radares por satélites
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O avião da Air France que desapareceu sobrevoava uma região que, por ser oceânica, não
tem a cobertura de radares.
Ela é uma FIR (sigla em inglês para "Regiões de Informação de Voo") Oceânica, onde as
aeronaves deixam de ser controladas por radar e passam a
ser monitoradas por rádios de
alta frequência. Trata-se de um
procedimento internacional.
No voo em uma FIR, a aeronave não é monitorada passo a
passo -ou seja, não é visualizada em tempo real pelos profissionais que estão em terra, os
controladores de voo.
Sua posição é atualizada
quando os comandantes informam a um centro de controle
ter cruzado alguns pontos de
notificação -marcos imaginários contidos nas cartas de navegação aérea. Essa é uma responsabilidade do piloto.
Por isso, caso a aeronave enfrente algum problema (por
exemplo, se cair), a informação
não aparece imediatamente
nos monitores por terra que ficam no controle de voo.
O Airbus-330 da Air France
seguia normalmente essa rotina. Depois de deixar a área controlada por radar em Fernando
de Noronha, informou, como
previsto, a passagem pela posição Intol, a 565 quilômetros de
Natal. Disse também que chegaria ao ponto seguinte, chamado de Tasil (a 1.228 quilômetros de Natal), às 23h20. Mas
esse contato não foi feito.
O assessoramento das aeronaves, dali em diante, passa para Dacar, capital do Senegal.
Nova tecnologia
Essa situação -que sempre
existiu- não é considerada por
especialistas como de risco.
Porém, também não é a condição ideal de segurança de voo.
Tanto que órgãos da aviação e
empresas estão em fase de implantação no mundo inteiro de
uma tecnologia mais moderna,
que vai substituir os radares
por satélites e que permitirá a
visualização dos aviões inclusive nos oceanos -onde só há cobertura hoje nas proximidades
das áreas continentais.
A implantação do novo sistema por satélite, conhecido como CNS/ATM e que deve acabar com essa "zona cega", depende de investimentos tanto
de órgãos públicos da aviação
como das companhias aéreas.
Ela já começou em alguns lugares, de forma paulatina, como em parte dos Estados Unidos, segundo Ronaldo Jenkins,
especialista e diretor do Snea
(sindicato das empresas áreas).
No Brasil, diz ele, as companhias foram informadas pelo
governo federal no ano passado
de que têm até 2012 para equipar seus aviões para esse monitoramento aéreo por satélite
-nesse período, os órgãos públicos também vão se adaptar.
Segundo Jenkins, é muito difícil dizer até que ponto a presença de um sistema por satélite no controle de voo poderia
ser útil num acidente semelhante -não necessariamente
para evitá-lo, mas para detectá-lo com rapidez. Ele diz que, se a
tecnologia já tivesse sido disseminada, os órgãos da aviação
brasileira talvez pudessem ter
informações mais detalhadas
do local de uma eventual queda
para, por exemplo, acionar buscas com maior precisão.
(ALAN GRIPP, ALENCAR IZIDORO E RICARDO SANGIOVANNI)
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