São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2011

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GERALDO MIGUEL (1930-2011)

Geraldo Polião e a festa do Divino

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Todos os dias, às 4h da manhã, seu Geraldo Miguel pulava da cama. Sua rotina consistia em mexer na horta, cuidar dos bezerros, ensacar sal, vender ovos e enrolar fumo.
Em sua terra, São Luiz do Paraitinga, a 182 km de São Paulo, ele ficou conhecido como Geraldo Polião, apelido que ganhou por ser constantemente identificado como o Geraldo do Napoleão (ou Poleão), nome de seu pai.
Na cidade, ele era um dos últimos moradores comprometidos o ano todo com as festas tradicionais. O sal que preparava desde o ano passado seria distribuído por ele na festa do Divino Espírito Santo deste ano. Simboliza a fartura e a prosperidade.
A filha Margarida conta que o pai participava das festas desde criança. Antigamente, dava pouso à bandeira do Divino, ou seja, recebia a bandeira em casa e, em forma de agradecimento, oferecia um jantar aos devotos.
Atualmente, ajudava a preparar o tradicional afogado, um cozido de carne com batatas servido na festa.
Envolvia-se também em outras celebrações. Na congada, tocava caixa (um tipo de tambor) e, nas quaresmas, preparava as cinzas.
Era um homem alegre, calmo e que falava baixinho, como conta a família. Na mocidade, gostava de jogar futebol, como goleiro do time.
No início de abril, enquanto matava um porco para vender e arrecadar dinheiro para a festa do Divino, queimou-se num acidente. Em 15 de maio, não resistiu a complicações de saúde e morreu deixando viúva, quatro filhos e quatro netos. A festa deste ano em São Luiz do Paraitinga começa amanhã.

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