|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hospitais tentam reduzir uso de antibiótico
Alguns também usam drogas antigas; no Hospital das Clínicas, médicos precisam justificar a indicação do medicamento
Instituto Central do HC registra até 200 infecções hospitalares causadas
por microorganismos resistentes por mês
DA REPORTAGEM LOCAL
Controle rigoroso do uso de
antibióticos, utilização de drogas antigas e diminuição do
tempo de administração dos
medicamentos. Essas são algumas das estratégias que os hospitais estão adotando no combate à resistência bacteriana.
Por exemplo, no Instituto da
Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, ao receitar um
antibiótico, o médico precisa
preencher um formulário e justificar a indicação. Segundo a
pediatra Lucília Santana Faria,
o paciente só recebe o medicamento se uma comissão especializada aprovar. A junta médica também determina a dose
e o tempo do tratamento.
Faria, que ainda coordena a
UTI pediátrica do Hospital Sírio-Libanês, diz que o mesmo
rigor é aplicado no uso profilático de antibióticos [quando se
dá remédio antes e depois da cirurgia para prevenir infecções].
"Como temos [no Sírio] muito paciente cirúrgico, usamos o
antibiótico na profilaxia, mas
ele é suspenso no tempo correto para evitar a resistência."
No Instituto Central do Hospital das Clínicas, por onde passam cerca de 35 mil pacientes
por mês, de cem a 200 deles sofrem de infecção causada por
agentes de grande resistência.
"Tomamos muito cuidado
com higiene e no manuseio de
objetos, como tubos e catéteres, para diminuir esse número", diz Ana Sarah, do controle
de infecção hospitalar do HC.
Uma outra medida é a redução do tempo de administração
de antibióticos, que foi amplamente discutida durante o seminário internacional promovido pelo hospital Albert Einstein no mês passado.
Segundo o infectologista Alexandre Rodrigues Marra, do
Einstein, há estudos franceses
que mostram que o uso de antibióticos contra pneumonia nas
UTIs por oito dias tem o mesmo resultado se o remédio for
administrado durante 14 dias.
"É claro que precisa avaliar
caso a caso. Têm infecções em
que você precisa dar mais tempo, como a endocardite [na válvula do coração]. Mas uma
pneumonia associada à ventilação mecânica pode ser tratada
em menos de 14 dias."
Outra estratégia, já utilizada
por alguns hospitais, é voltar a
utilizar antibióticos antigos,
como a polimixinas, da década
de 1940. O remédio caiu em desuso em razão dos efeitos colaterais e, ao longo dos anos, foi
sendo substituído por outros.
Mas as bactérias foram ficando tão resistentes que algumas
delas, como a Pseudomonas aeruginosa (responsável por infecções oportunistas), estão
sendo combatidas com polimixina, afirma Marra.
Uma terapia que promete
bons frutos para o futuro são
medicamentos que atingem os
alvos que causam a resistência
bacteriana. Mas as pesquisas
estão em fase de estudos.
No HC, há um grupo que
analisa o DNA de bactérias para averiguar se o mesmo tipo
está contaminando vários pacientes -ou seja, se existe um
surto no hospital.
(CLÁUDIA COLLUCCI E DANIEL BERGAMASCO)
Texto Anterior: Leitor diz que mala foi violada em aeroporto Próximo Texto: Programa avalia paciente com infecções Índice
|