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Política de redução de danos tem apoio da OMS e é programa oficial em vários países
DA REPORTAGEM LOCAL
"Se quiser parar, o problema
é nosso. Se não, o problema é
seu." O lema, usado em vários
serviços tradicionais de aconselhamento a dependentes químicos, não serve para o pessoal
que trabalha com redução de
danos. "O nosso lema é: "Se conseguir parar, ótimo. Como sabemos que é difícil, vamos ver
um jeito de você continue vivo'", explica o médico Fábio
Mesquita, 49, com doutorado
em Saúde Pública pela USP.
Internacionalmente reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a redução de danos é política oficial na Holanda, na Grã-Bretanha,
no Canadá e na Austrália. No
Brasil, é usada para minimizar
danos de comportamentos de
risco que não se consegue erradicar. Mostrou-se eficaz contra
a disseminação do HIV, a partir
da distribuição de preservativos, para prostitutas e a população em geral, e de seringas descartáveis para usuários de drogas injetáveis.
Com sede em São Paulo, a
ONG É de Lei é exemplo de trabalho com redução de danos.
Desde 1998, distribui kits para
usuários de drogas injetáveis,
crack e cocaína. O kit de injetáveis vem com copinho, água
destilada (para dissolver a droga), duas seringas descartáveis
e algodão com álcool.
Se usar o kit, dizem os defensores da estratégia, o dependente tem menos chance de
contrair hepatites B e C e Aids.
Em 2006, a É de Lei realizou
4.500 atendimentos e distribuiu 5.400 kits.
Mas há quem desconfie. Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, 50, o sucesso visto em
países que usam a estratégia
advém do fato de ela ser combinada a prevenção e tratamento.
"Às vezes, tem de internar o dependente. Mas, no Brasil, tudo
o que se oferece é redução de
danos, o que caracteriza uma
desassistência criminosa."
(LC)
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