São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Política de redução de danos tem apoio da OMS e é programa oficial em vários países

DA REPORTAGEM LOCAL

"Se quiser parar, o problema é nosso. Se não, o problema é seu." O lema, usado em vários serviços tradicionais de aconselhamento a dependentes químicos, não serve para o pessoal que trabalha com redução de danos. "O nosso lema é: "Se conseguir parar, ótimo. Como sabemos que é difícil, vamos ver um jeito de você continue vivo'", explica o médico Fábio Mesquita, 49, com doutorado em Saúde Pública pela USP.
Internacionalmente reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a redução de danos é política oficial na Holanda, na Grã-Bretanha, no Canadá e na Austrália. No Brasil, é usada para minimizar danos de comportamentos de risco que não se consegue erradicar. Mostrou-se eficaz contra a disseminação do HIV, a partir da distribuição de preservativos, para prostitutas e a população em geral, e de seringas descartáveis para usuários de drogas injetáveis.
Com sede em São Paulo, a ONG É de Lei é exemplo de trabalho com redução de danos. Desde 1998, distribui kits para usuários de drogas injetáveis, crack e cocaína. O kit de injetáveis vem com copinho, água destilada (para dissolver a droga), duas seringas descartáveis e algodão com álcool.
Se usar o kit, dizem os defensores da estratégia, o dependente tem menos chance de contrair hepatites B e C e Aids. Em 2006, a É de Lei realizou 4.500 atendimentos e distribuiu 5.400 kits.
Mas há quem desconfie. Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, 50, o sucesso visto em países que usam a estratégia advém do fato de ela ser combinada a prevenção e tratamento. "Às vezes, tem de internar o dependente. Mas, no Brasil, tudo o que se oferece é redução de danos, o que caracteriza uma desassistência criminosa." (LC)


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