São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

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Comércio já prevê reajustes de até 10% após veto a caminhão

Entidades apontam aumento de custos de mão-de-obra e de frete por conta das dificuldades para a entrega de mercadorias

Distribuição de material de construção é apontado como um dos setores mais afetados pelas novas regras em vigor na cidade de SP

Apu Gomes/Folha Imagem
Caminhões descarregam de madrugada em supermercado na rua professor Antonio Arruda Malheiros, em Pinheiros, zona oeste de SP

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio já estima em 5% a 10% o aumento nos preços de produtos por conta da nova lei que restringe a circulação de caminhões em uma área de 100 km2 em São Paulo.
"A dificuldade para entregar as mercadorias somada ao aumento de custos do frete, da mão-de-obra e dos estoques vai certamente afetar o preço final do produto. A previsão inicial é que o aumento do preço de venda ao consumidor seja da ordem de 5% a 10%, dependendo do tipo de mercadoria", diz Roberto Mateus Ordine, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Um dos setores mais afetados é o de distribuição de material de construção. A Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) prevê que só o custo do frete aumente 200%.
"Um caminhão que faz entrega de 20 toneladas terá de ser substituído por cinco menores [de até 6,3 m de comprimento], cuja capacidade máxima é de quatro toneladas. Com isso, o custo do frete passa de R$ 40 a tonelada para R$ 123", diz Cláudio Elias Conz, presidente da associação.
Só o repasse desse custo deve elevar os preços do material de construção em 1,5% a 2%, diz.
Para Emerson Kapaz, diretor-executivo do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo), que agrupa as 29 maiores empresas varejistas do país, ainda é cedo para avaliar o impacto nos preços. "Mas essa discussão é inevitável porque, além do frete, aumenta também o custo da mão-de-obra à medida em que mais motoristas, ajudantes e seguranças têm de ser contratados para trabalhar em horários alternativos."
Com 1.200 associados, a Apas (Associação Paulista de Supermercados) prevê que o custo da mão-de-obra deva aumentar em 10% e o dos fretes em 25%. "Como as entregas serão menos freqüentes, a loja terá de ampliar seus estoques e isso também custa", diz Martinho Paiva Moreira, vice-presidente de comunicação da Apas.
Ele não acredita, porém, que o consumidor será prejudicado. "Quem dita preço é o mercado, e não o supermercado."
Em reunião ontem com o prefeito Gilberto Kassab (DEM), representantes do sindicato das empresas de transporte afirmaram que de 20% a 25% das entregas e coletas de carga deixaram de ser feitas anteontem, no primeiro dia de restrição aos caminhões.
Eles tentam convencer a prefeitura a não ampliar as restrições. Kassab não deu declarações. Anteontem, ele afirmou que uma eventual alta de custos é o preço a pagar pela melhoria no trânsito.


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