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ANÁLISE
Situação ainda é ruim, mas resultados apontam melhora
A PARTIR DO
MOMENTO EM QUE
ESSES ALUNOS
[CARENTES] FORAM
ABSORVIDOS PELO
SISTEMA, AS NOTAS
PARARAM DE CAIR
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NAÉRCIO MENEZES FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os novos resultados do
Ideb confirmam que a qualidade da educação está melhorando de forma consistente no Brasil.
A melhora começou pela
4ª série a partir de 2003, atingiu a 8ª série em 2005 e agora
começa a chegar ao ensino
médio.
Esse padrão faz todo o sentido. Em primeiro lugar, devido à composição dos alunos.
Entre 1995 e 2001, as notas
caíram muito devido à entrada maciça de novos alunos
na escola.
Esses alunos vinham de famílias mais pobres, com pais
menos escolarizados e tinham mais dificuldade de
aprendizado.
A partir do momento em
que esses alunos foram absorvidos pelo sistema, as notas pararam de cair.
Como esses alunos demoram mais para chegar ao ensino médio, as notas nesse
nível demoram mais para
melhorar.
O que explica a melhora
nos resultados?
Em primeiro lugar, o aumento do nível socioeconômico das famílias mais pobres, que ocorre desde o fim
dos anos 1990.
Cerca de 70% do aprendizado dos alunos brasileiros
está relacionado com o seu
"background" familiar.
As mães mais escolarizadas leem para os filhos desde
cedo e acompanham a vida
escolar.
Para as mães que não tiveram acesso à educação, a alternativa é colocar os filhos
na creche e na pré-escola.
Alunos que fizeram a pré-escola têm um desempenho
bem melhor nas séries seguintes. Entretanto, o acesso à pré-escola só atingiu as famílias
mais pobres em meados da
década de 1990, chegando a
70% das crianças de 4 a 5
anos em 2008.
Mães mais escolarizadas e
acesso recente à pré-escola
explicam por que a melhora
do Ideb começou nos anos
iniciais do fundamental.
A pressão da sociedade sobre os prefeitos e governadores para melhorar o aprendizado dos alunos aumentou.
A criação dos sistemas de
avaliação fez com que os formadores de opinião atentassem para o grave problema
educacional brasileiro.
A divulgação das notas
por escola e a construção de
índice único para medir o desempenho facilitaram a comparação entre municípios,
aumentando a cobrança.
A situação ainda é muito
ruim, mas os resultados educacionais devem continuar
melhorando nos próximos
anos, chegando com mais
força ao ensino médio.
NAÉRCIO MENEZES FILHO é doutor em
economia pela Universidade de Londres,
professor titular e coordenador do Centro
de Políticas Públicas do Insper e professor
da FEA-USP
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