São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Projeto prevê mais 180 mil pessoas no bairro

Área visada equivale a mais de mil campos de futebol, entre a Vila Leopoldina e o Jaguaré, ao lado da marginal Pinheiros

Região abriga galpões, casas e futuramente contará com a área do Ceagesp, que deve ser transferido para as proximidades do Rodoanel

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Prefeitura de São Paulo pretende quase quintuplicar a população de uma faixa de 10 milhões de metros quadrados (mais de mil campos de futebol) entre a Vila Leopoldina e o Jaguaré, ao lado da marginal Pinheiros, na zona oeste da cidade. O projeto ainda depende de aprovação da Câmara.
É uma região privilegiada pela localização e cobiçada pelo mercado imobiliário. Fica entre a Cidade Universitária da USP, o parque Villa-Lobos e as marginais Tietê e Pinheiros, duas das principais artérias viárias de São Paulo.
Hoje com 50 mil habitantes, a área prevista na Operação Urbana Vila Leopoldina-Jaguaré deve chegar a 230 mil pessoas, segundo estimativa feita no projeto elaborado pela Secretaria do Planejamento.
Os 180 mil moradores a mais representam uma atração à região de população equivalente à da cidade de Itu, que tinha 157 mil habitantes em 2007, segundo o IBGE.
Com ou sem a operação urbana, a Vila Leopoldina está em plena expansão imobiliária. As principais vias do bairro, a rua Carlos Weber e a avenida Imperatriz Leopoldina, sofreram com congestionamentos devido à construção de prédios de, em média, 20 andares.
A prefeitura pretende incentivar o aumento da ocupação da área através da emissão de Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção). Ao comprar um Cepac, a empresa pode construir no terreno mais do que permite a lei de zoneamento, tornando o empreendimento mais rentável.
No zoneamento atual, a região poderia abrigar mais cerca de 1 milhão de metros quadrados de áreas construídas, segundo o assessor técnico de Operações Urbanas da secretaria, José Geraldo Martins de Oliveira. Com os Cepacs, poderão ser adicionados 3 milhões de metros quadrados.
"O crescimento que já existe nos leva a apressar a operação, para que ele não seja desordenado", afirma Oliveira.
Poucos quarteirões depois da Carlos Weber, perto da estação Imperatriz Leopoldina da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), ainda prevalecem os galpões e as casas com portões de grade.
Uma pequena favela sobre um córrego foi removida nesta semana pela Subprefeitura da Lapa. Não era a única. Famílias que vivem de sobras das empresas e da Ceagesp encontram às margens dos córregos um lugar para levantar barracos.

Aval
O caminho burocrático para dar início ao plano avançou em julho, quando a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente deu aval para que a do Planejamento contratasse o estudo de impacto ambiental da operação, após uma série de idas e vindas.
Esse estudo vai orientar mudanças pontuais no texto da minuta do projeto de lei da operação, que está quase pronto. Depois, será enviado à Câmara Municipal de São Paulo.
A área que sofrerá a intervenção já foi uma zona industrial e ainda abriga o Ceagesp, que deve ser transferido para as proximidades do Rodoanel.
O projeto inclui a construção de conjuntos habitacionais nos 700 mil metros quadrados da Ceagesp, com prédios baixos.
Como a fase da industrialização deixou como herança grandes áreas livres, a Vila Leopoldina tinha em 2000 densidade demográfica de 37,32 habitantes por km2 contra a média de 69,15 em toda a cidade. No Jaguaré, o índice era de 64,3.
Em razão dos vazios urbanos do setor, o projeto do arquiteto Marcelo Bernardini prevê a abertura de ruas entre os grandes terrenos. Contempla ainda a construção de pontes sobre o rio Pinheiros e de uma avenida paralela à marginal Tietê.
Essas obras, segundo prevê o plano, serão financiadas com a venda dos Cepacs da operação urbana, cuja receita é estimada em R$ 480 milhões.
A geógrafa Ros Mari Zenha, que integra o Cades (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), cobrou em reunião do órgão, que tem poder de decisão, um maior detalhamento das intenções da prefeitura.
Zenha diz temer um excesso de adensamento de população, o que afetará tanto o trânsito na região como questões ambientais.
"O cuidado ali deve ser redobrado. É uma área de várzea dos dois rios, com afloramento de água. E que já enfrenta problemas de trânsito", diz ela, que representa o Defenda São Paulo no Cades.


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