São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Para urbanistas, melhorias devem vir antes de expansão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Moradores, representantes de bairro e urbanistas concordam com a necessidade de uma intervenção na Vila Leopoldina. Alguns, no entanto, dizem acreditar que uma operação urbana pode adensar demais o bairro antes de trazer qualquer benefício. As principais expectativas são de soluções para o trânsito, córregos a céu aberto e moradias populares.
Para o professor de planejamento urbano da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), Pedro Taddei Neto, obras de infra-estrutura e interesse coletivo previstas para a região, como pontes e canalização de córregos, deveriam ser feitas com dinheiro público.
"Uma região nevrálgica como aquela, com acesso a rodovias, deveria ter investimento dos governos municipal e estadual. Uma operação urbana deveria vir depois, para mitigar problemas pontuais", afirma.
Ele lembra que operações urbanas demoram para ter dinheiro em caixa e, portanto, para iniciar as obras. "É algo que precisa ser cultivado e não brota assim. Até lá, outros problemas podem ser criados pelo adensamento", diz.
A urbanista Marta Grostein, coordenadora do Laboratório de Urbanismo da Metrópole da FAU, concorda que o governo deve dar as diretrizes da ocupação urbana, sem deixar que o mercado imobiliário faça isso sozinho. "Governos de todas as esferas devem acompanhar o que é feito daquela área e participar dessa urbanização."
Para ela, no entanto, uma operação urbana bem-sucedida pode ser uma maneira de interferir. "Tudo depende do projeto. Por isso é preciso uma gestão específica da operação, o que normalmente demora anos e décadas."
A analista de RH, Rosângela Santiago, 46, que mora na Vila Leopoldina desde os 16 anos vê o lado positivo e negativo do crescimento imobiliário. "Muita coisa melhorou, temos mais serviços e comércio. De outro lado, tem o trânsito, as ruas esburacadas", diz. Para ela, o bairro já precisa de melhorias. "Agora, antes de aprovar mais projetos deviam arrumar as ruas, por exemplo."
O presidente do Consabs (Conselho das Associações de Amigos de Bairro da Região da Lapa), José Benedito Morelli, que mora no local, também acha que a operação está atrasada. "Agora, já tem prédio de um lado e córrego a céu aberto de outro", reclama. Ainda assim, ele apóia a iniciativa. "Pelo menos é uma maneira de conseguir o compromisso dos empreendedores que forem investir no local daqui para a frente."


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