São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Polícia apura se bebê morto em creche sofria de meningite viral

Doença pode causar vômito em crianças; Gabriel tinha resíduos nos pulmões e na garganta

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil investiga a hipótese de que o menino Gabriel Santos Ribeira, de sete meses, sofria de meningite viral e pode ter morrido no berçário da creche Pedacinho de Lua, na semana passada, sofrendo uma crise da doença. A causa da morte, no entanto, só será esclarecida com a conclusão do exame de necropsia, que ainda não tem data para ficar pronto.
Apesar disso, a polícia também não abandonou a hipótese de que tenha havido negligência dos funcionários. Os policiais do 90º Distrito Policial (Parque Novo Mundo) receberam pistas de que, das três funcionárias responsáveis por cuidar das crianças no berçário na tarde da morte do bebê, uma estaria fazendo compras no supermercado e as outras duas estariam assistindo à TV.
Para verificar o quadro de meningite viral, legistas da polícia coletaram líquido da espinha dorsal do bebê para realização de exames.
Segundo Nivaldo de Souza, médico da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a meningite viral pode causar febre e vômito em uma criança com a idade de Gabriel. O paciente pode até sofrer crises agudas que se manifestam em poucas horas, sem dar aviso.
Gabriel havia sido deixado na creche pela mãe às 11h do último dia 25. Às 14h do mesmo dia, foi encontrado pelo pai, que fora à escola buscá-lo, com a pele arroxeada e sem conseguir respirar; ele foi declarado morto cerca de uma hora depois, já no hospital, para onde foi levado pelo pai.
A possibilidade da meningite viral causar vômito pode estar relacionada a uma outra pista encontrada pela polícia: Gabriel tinha restos de vômito nos pulmões.
Além da ligação com o quadro de meningite, o vômito significa, para a polícia, que o menino pode ter regurgitado quando ainda estava deitado no berço, possivelmente na creche.
Outra hipótese possível é que o vômito nos pulmões e os restos de alimento encontrados em sua garganta possam ter ido parar lá quando o menino foi submetido a manobras de reanimação cardiopulmonar no hospital.
O pai do menino, Júlio César Ribeira, 26, e os advogados da creche chegaram a debater durante a semana se a escola havia sido avisada ou não de que Gabriel sofria de refluxo gastro-exofágico, que o levava a regurgitar alimentos e poderia ter levado ao sufocamento.
O advogado da creche, Roberto Rinaldi, afirmou que não é verdade que as funcionárias responsáveis estavam no supermercado ou vendo TV. Ele falará sobre o caso na segunda-feira. Ribeira e seu advogado não foram encontrados.


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