São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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PF apura se médico pediu R$ 150 mil a doente

Novo inquérito investiga se Joaquim Ribeiro Filho exigiu o valor de família de paciente que não conseguiu o transplante e morreu

A Secretaria de Saúde do Rio começou ontem a contatar pacientes que esperam por fígado para marcar exames e elaborar uma nova lista

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal abriu novo inquérito ontem para apurar depoimentos de que o chefe da equipe de transplantes de fígado do hospital da UFRJ, Joaquim Ribeiro Filho, preso e denunciado por desvio de órgão, teria cobrado R$ 150 mil de um paciente para fazer operação. De acordo com a informação da PF, a família não tinha o montante e o paciente morreu.
Em nota, o delegado que investiga o caso, Giovani Celso Agnoletto, afirmou que parentes de pacientes preteridos estão procurando a PF para acusar Ribeiro Filho de ter cobrado por transplantes.
Segundo um dos depoimentos, o paciente estava internado no hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ, e era atendido pela equipe do médico.
Com a piora da saúde, os familiares teriam procurado o médico, que os teria "convidado a conversar" no consultório particular. A consulta foi marcada, ao valor de R$ 400.
"O médico perguntou se o paciente tinha plano de saúde. Como a resposta foi negativa, [ele] disse que a única solução para salvar a vida do paciente era pagar R$ 150 mil pelo transplante, (...) numa clínica particular", diz a nota da PF. "Desesperada, a irmã do paciente ofereceu um imóvel no valor de R$ 60 mil, mas o médico se mostrou reticente e disse que "imóvel ele não pegava", só pagamento em espécie, e insistiu no valor original. A "transação" não foi consumada pela falta do dinheiro para o pagamento, e o paciente veio a falecer."
O novo inquérito foi instaurado para apurar a suposta "corrupção passiva", de acordo com a Polícia Federal, e possível crime de "comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano", cuja pena chega a oito anos de reclusão, mais multa.
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio começou ontem a contatar pacientes da fila para transplante de fígado para marcar exames de sangue, a fim de elaborar uma nova lista.
Os 1.077 pacientes do Estado terão de fazer novos exames para coleta de sangue nas próximas duas semanas, em uma das unidades estaduais de pronto-atendimento 24 horas.
Os resultados vão determinar as novas posições no cadastro. A secretaria promete ter a lista atualizada no dia 18. Quem não fizer os exames permanecerá na lista de espera como semi-ativo, sem que os dados sejam atualizados.

Outro lado
Paulo Freitas, advogado criminalista do médico Joaquim Ribeiro Filho, afirmou estar "indignado" com todas as acusações e disse que as "repele totalmente e com veemência".
"As acusações contra ele estão distorcidas. Se ocorreu isso antes, como ninguém falou nada? Só vem falar agora? Cada um diz o que quer", disse.
Segundo o advogado, o médico tem milhares de pacientes que dizem o contrário e afirmam nunca ter recebido qualquer pedido de dinheiro. Paulo Freitas disse que "as mesmas acusações da PF já constavam de ações cíveis e do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio) e ele [o médico] foi sempre absolvido".
De acordo com sua defesa, Joaquim Ribeiro Filho está abatido e afirmou que nunca esperava passar por essa situação.


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