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Cerco a fumante prevê até confisco de cigarro
Casa noturna afirma que haverá rigor para cumprir a lei antifumo, mesmo que perca clientes; multa é o maior receio
Bar dobra o número de seguranças olheiros e diz que vai vistoriar os banheiros masculino e feminino para poder flagrar fumantes
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O medo das multas, que variam de R$ 792,50 a R$ 1.585, e
da possibilidade de interdição
por 48 horas ou 30 dias, fez bares, boates e até shopping centers reforçarem a segurança
com a contratação de olheiros
para a lei antifumo, que entra
em vigor em todo o Estado de
São Paulo na próxima sexta.
Uma das referências em música eletrônica, a casa noturna
D-Edge, na Barra Funda (zona
oeste), inventou uma saída curiosa para cumprir a nova lei ao
pé da letra.
Os maços de cigarro que forem pegos com os fumantes na
revista da entrada vão ser confiscados e etiquetados para só
serem entregues na saída.
Ainda assim, a tropa foi aumentada em cinco vigilantes,
cada um deles com um olho no
peixe, outro no gato.
Placas avisando da proibição,
como manda a lei, foram espalhadas pela boate. Quem não
respeitar o primeiro aviso dos
olheiros do fumo, diz a D-Edge,
será proibido de entrar novamente na casa noturna.
"Isso poderá diminuir o faturamento, mas, mesmo assim, é
bem menos prejuízo que as
possíveis multas. Como o número de fumantes hoje é grande, será necessário sim aumentar o número de seguranças",
afirma o DJ e também dono da
D-Edge, Renato Ratier.
No Boteco São Bento, bar
tradicional do Itaim Bibi (zona
oeste), o contingente de seguranças e olheiros passou de três
para seis.
Por lá, os primeiros sinais de
contratempo com fumantes já
apareceram. Boa parte deles
tem saído para fumar no banheiro, uma maneira de despistar a patrulha antifumo.
É que lá, para fumar na calçada, é preciso pagar a conta antes de deixar a mesa, uma maneira que o bar encontrou de
evitar que os clientes mais assanhados saiam sem pagar.
A partir desta semana, as
rondas da esquadrilha da fumaça vão incluir os banheiros dos
homens e das mulheres.
"O cliente quando chega é
uma coisa, depois que bebe bastante é outra. Espero que não,
mas acredito que vou ter problemas no começo com gente
que vai maltratar funcionário e
não querer apagar o cigarro.
Tem sempre um esperto que
quer fumar escondido ou debaixo da mesa", diz Ronaldo
Camelo, dono do São Bento.
Shopping antifumo
O shopping Continental, no
Butantã (zona oeste), diz que
há mais de um mês se prepara
para se adequar à nova lei.
Os 220 lojistas receberam
placas com o logotipo da campanha para serem fixadas em
local visível aos clientes, que
poderão fazer denúncias à Vigilância Sanitária no próprio balcão de informações do shopping. Na quarta-feira, dois dias
antes de a lei entrar em vigor,
todos os cinzeiros serão retirados. Fumar por lá agora não será permitido nem mesmo no
estacionamento.
Os seguranças, treinados para serem olheiros do fumo, vão
distribuir um cartão de visita
com a marca da campanha do
governo do Estado e o alerta de
que ali é proibido fumar e também com a mensagem: "O
shopping agradece a sua compreensão".
Pela nova lei, as multas também poderão ser aplicadas
mesmo que não seja encontrado um fumante em ação. Basta
vestígios de que se fumou por
ali, como bitucas e cinzeiros.
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