São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cerco a fumante prevê até confisco de cigarro

Casa noturna afirma que haverá rigor para cumprir a lei antifumo, mesmo que perca clientes; multa é o maior receio

Bar dobra o número de seguranças olheiros e diz que vai vistoriar os banheiros masculino e feminino para poder flagrar fumantes

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O medo das multas, que variam de R$ 792,50 a R$ 1.585, e da possibilidade de interdição por 48 horas ou 30 dias, fez bares, boates e até shopping centers reforçarem a segurança com a contratação de olheiros para a lei antifumo, que entra em vigor em todo o Estado de São Paulo na próxima sexta.
Uma das referências em música eletrônica, a casa noturna D-Edge, na Barra Funda (zona oeste), inventou uma saída curiosa para cumprir a nova lei ao pé da letra.
Os maços de cigarro que forem pegos com os fumantes na revista da entrada vão ser confiscados e etiquetados para só serem entregues na saída.
Ainda assim, a tropa foi aumentada em cinco vigilantes, cada um deles com um olho no peixe, outro no gato.
Placas avisando da proibição, como manda a lei, foram espalhadas pela boate. Quem não respeitar o primeiro aviso dos olheiros do fumo, diz a D-Edge, será proibido de entrar novamente na casa noturna.
"Isso poderá diminuir o faturamento, mas, mesmo assim, é bem menos prejuízo que as possíveis multas. Como o número de fumantes hoje é grande, será necessário sim aumentar o número de seguranças", afirma o DJ e também dono da D-Edge, Renato Ratier.
No Boteco São Bento, bar tradicional do Itaim Bibi (zona oeste), o contingente de seguranças e olheiros passou de três para seis.
Por lá, os primeiros sinais de contratempo com fumantes já apareceram. Boa parte deles tem saído para fumar no banheiro, uma maneira de despistar a patrulha antifumo.
É que lá, para fumar na calçada, é preciso pagar a conta antes de deixar a mesa, uma maneira que o bar encontrou de evitar que os clientes mais assanhados saiam sem pagar.
A partir desta semana, as rondas da esquadrilha da fumaça vão incluir os banheiros dos homens e das mulheres.
"O cliente quando chega é uma coisa, depois que bebe bastante é outra. Espero que não, mas acredito que vou ter problemas no começo com gente que vai maltratar funcionário e não querer apagar o cigarro. Tem sempre um esperto que quer fumar escondido ou debaixo da mesa", diz Ronaldo Camelo, dono do São Bento.

Shopping antifumo
O shopping Continental, no Butantã (zona oeste), diz que há mais de um mês se prepara para se adequar à nova lei.
Os 220 lojistas receberam placas com o logotipo da campanha para serem fixadas em local visível aos clientes, que poderão fazer denúncias à Vigilância Sanitária no próprio balcão de informações do shopping. Na quarta-feira, dois dias antes de a lei entrar em vigor, todos os cinzeiros serão retirados. Fumar por lá agora não será permitido nem mesmo no estacionamento.
Os seguranças, treinados para serem olheiros do fumo, vão distribuir um cartão de visita com a marca da campanha do governo do Estado e o alerta de que ali é proibido fumar e também com a mensagem: "O shopping agradece a sua compreensão".
Pela nova lei, as multas também poderão ser aplicadas mesmo que não seja encontrado um fumante em ação. Basta vestígios de que se fumou por ali, como bitucas e cinzeiros.


Texto Anterior: Comércio já usa olheiros para cumprir a lei antifumo
Próximo Texto: Paulistano vive últimos dias do "fumacê"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.