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Preocupação com a gripe muda rotina
Na região de Campinas, no interior de São Paulo, álcool em gel foi transformado em produto de primeira necessidade
Em Uruguaiana (RS), na fronteira do Brasil com a Argentina, até casamento já foi transferido para outubro por medo de contaminação
PABLO SOLANO
MAURÍCIO SIMIONATO
ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA
O medo de contrair a gripe
suína tem alterado hábitos de
parte da população, especialmente nas cidades onde há registro de mortes por causa da
doença. Há mudanças nas vidas
noturna e religiosa, rotinas em
casa e no trabalho e em atividades esportivas e de consumo.
Em Uruguaiana (RS), já houve até casamento adiado. Moradores de Ribeirão Preto (SP),
Paulo Fantinel, 33, e Denise Vilas Boas, 30, marcaram há mais
de um ano a data para casar.
A festa estava marcada para
acontecer no dia 29, na cidade
gaúcha, principal município no
Rio Grande do Sul na fronteira
com a Argentina.
A preocupação com a gripe A
-que já fez cinco mortos no
município, onde mora a família
do noivo-, no entanto, fez com
que o casal adiasse o casamento
em dois meses. "Estava tudo
pronto. Convites impressos,
bufê contratado, igreja alugada", conta Fantinel.
A decisão, diz, foi tomada para preservar amigos e parentes.
"Tinha convidado que não ia
por causa da gripe, e agora já
pensa em ir. Isso se tudo melhorar até outubro."
A celebração foi remarcada
para 24 de outubro -poucos
dias depois do provável fim da
situação de emergência decretada pela prefeitura. Na cidade,
a ordem é para casas noturnas
ficarem fechadas e eventos serem suspensos.
Em São Borja (RS), a prefeitura montou uma força-tarefa
para cassar o alvará dos estabelecimentos que desrespeitarem
a proibição. Fiscais devem ir às
ruas neste final de semana.
Os casais que decidirem
manter a celebração do casamento nas paróquias de Uruguaiana deverão se satisfazer
com cerimônias simplificadas,
sem cantos e com leituras mais
breves de trechos da Bíblia.
Padres
As visitas dos padres para
benzer doentes em hospitais
estão suspensas.
A unção dos enfermos continua, mas deve ser realizada em
"um rito de emergência", segundo o bispo da cidade, Aloísio Alberto Dilli, 61.
Na região de Campinas (SP),
onde há nove mortos pela
doença, o receio tem feito com
que um produto em especial seja considerado de primeira necessidade: o álcool em gel.
Academias de ginástica passaram a oferecer álcool. "Aproveito o descanso entre um aparelho e outro para lavar as mãos
com álcool em gel", diz a dentista Mara Albuquerque, 26.
Nos shoppings Iguatemi e
Galleria, sabonetes antibactericidas foram colocados nos banheiros e são muito usados pelos funcionários.
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