|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Na Argentina, paranoia com a doença diminui
SILVANA ARANTES
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Com o contágio pelo vírus da
gripe suína em queda, a Argentina, onde ao menos 259 morreram por causa da doença, deixa de lado a "paranoia".
As aulas, que haviam sido
suspensas para evitar propagação da gripe, serão retomadas
amanhã em diversas regiões.
Em províncias (Estados) em
que as atividades letivas voltaram na última semana, porém,
a abstenção foi grande. Já na
capital, os portenhos dão mostras de que se tranquilizaram.
Embora o governo argentino
afirme que a volta às aulas é
uma medida amparada no veredicto de infectologistas e que
os estudantes não estarão sujeitos a grande risco, a administração de Buenos Aires prorrogou por mais uma semana a licença de trabalho para as funcionárias grávidas.
Desde o último dia 23, cerca
de 80 mil pessoas visitam diariamente um lugar fechado, para lazer. Essa é a média de público do gigantesco centro de
convenções La Rural, no bairro
de Palermo, onde ocorre uma
exposição de produtos e equipamentos agropecuários.
Por conta da exposição, turistas de todo o país lotam os
hotéis da região, que sofreram o
impacto da queda do turismo
estrangeiro em julho passado.
"Foi terrível. Tivemos centenas de cancelamentos de reservas, sobretudo de clientes do
Brasil e do Uruguai, países que
recomendavam não viajar à Argentina", afirma Ramiro Aimi,
recepcionista de um hotel.
Pai de um garoto de quatro
anos e de um bebê de nove meses, Aimi procurou manter seus
filhos em casa nesse período.
"Mas tentei não entrar na paranoia da gripe. É preciso não ver
muita TV, onde as informações
são alarmantes e contraditórias", diz o recepcionista.
Emanuel Mila desconfia não
só da credibilidade das informações sobre a gripe, mas também da origem do vírus.
"Essa gripe veio muito a calhar para os laboratórios farmacêuticos. Sabemos que há
armas químicas e que os vírus
também podem ser criados",
diz ele, que julga exageradas algumas mudanças de comportamento associadas à gripe.
"Muitos prédios passaram a
ter potes de álcool em gel ao lado dos elevadores para as pessoas limparem as mãos antes
de entrar em casa", conta Mila,
que é corretor de imóveis. "Eu
não estou nem aí!", diz.
O motorista Sebastián Paterno foi um que incorporou o hábito de lavar as mãos com álcool "a toda hora", como afirma. "Eu não quis ficar paranoico, mas confesso que no dia das
eleições [legislativas, 28/6 passado] queria dormir até tarde e
depois ir votar, mas me levantei
cedo porque pensei: à tarde vai
estar tudo infectado."
Depois do período de atividades suspensas, cinemas e teatros da cidade ensaiam a volta
ao normal. A Associação de
Empresários de Teatro divulga
a retomada dos espetáculos
com uma campanha: "Não há
cidade sem teatros. Voltamos...
Volte", diz o anúncio.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Em MG, frota de veículos cresce mais nas cidades históricas Índice
|