São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

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Na Argentina, paranoia com a doença diminui

SILVANA ARANTES
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Com o contágio pelo vírus da gripe suína em queda, a Argentina, onde ao menos 259 morreram por causa da doença, deixa de lado a "paranoia".
As aulas, que haviam sido suspensas para evitar propagação da gripe, serão retomadas amanhã em diversas regiões.
Em províncias (Estados) em que as atividades letivas voltaram na última semana, porém, a abstenção foi grande. Já na capital, os portenhos dão mostras de que se tranquilizaram.
Embora o governo argentino afirme que a volta às aulas é uma medida amparada no veredicto de infectologistas e que os estudantes não estarão sujeitos a grande risco, a administração de Buenos Aires prorrogou por mais uma semana a licença de trabalho para as funcionárias grávidas.
Desde o último dia 23, cerca de 80 mil pessoas visitam diariamente um lugar fechado, para lazer. Essa é a média de público do gigantesco centro de convenções La Rural, no bairro de Palermo, onde ocorre uma exposição de produtos e equipamentos agropecuários.
Por conta da exposição, turistas de todo o país lotam os hotéis da região, que sofreram o impacto da queda do turismo estrangeiro em julho passado.
"Foi terrível. Tivemos centenas de cancelamentos de reservas, sobretudo de clientes do Brasil e do Uruguai, países que recomendavam não viajar à Argentina", afirma Ramiro Aimi, recepcionista de um hotel.
Pai de um garoto de quatro anos e de um bebê de nove meses, Aimi procurou manter seus filhos em casa nesse período. "Mas tentei não entrar na paranoia da gripe. É preciso não ver muita TV, onde as informações são alarmantes e contraditórias", diz o recepcionista.
Emanuel Mila desconfia não só da credibilidade das informações sobre a gripe, mas também da origem do vírus.
"Essa gripe veio muito a calhar para os laboratórios farmacêuticos. Sabemos que há armas químicas e que os vírus também podem ser criados", diz ele, que julga exageradas algumas mudanças de comportamento associadas à gripe.
"Muitos prédios passaram a ter potes de álcool em gel ao lado dos elevadores para as pessoas limparem as mãos antes de entrar em casa", conta Mila, que é corretor de imóveis. "Eu não estou nem aí!", diz.
O motorista Sebastián Paterno foi um que incorporou o hábito de lavar as mãos com álcool "a toda hora", como afirma. "Eu não quis ficar paranoico, mas confesso que no dia das eleições [legislativas, 28/6 passado] queria dormir até tarde e depois ir votar, mas me levantei cedo porque pensei: à tarde vai estar tudo infectado."
Depois do período de atividades suspensas, cinemas e teatros da cidade ensaiam a volta ao normal. A Associação de Empresários de Teatro divulga a retomada dos espetáculos com uma campanha: "Não há cidade sem teatros. Voltamos... Volte", diz o anúncio.


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