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Em MG, frota de veículos cresce mais nas cidades históricas
Segundo o Iphan, imóveis barrocos não foram feitos para suportar abalos de veículos
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OURO PRETO E
MARIANA
A frota de veículos de seis cidades históricas de Minas Gerais cresceu, entre 2002 e 2008,
mais do que a de BH e mais do
que a média do Estado. São cidades tombadas ou com bens
tombados pelos órgãos do patrimônio cultural ou Unesco
(órgão das Nações Unidas).
Enquanto o crescimento médio em Minas foi de 56% e o de
BH foi de 47%, nas cidades do
período barroco a evolução média da frota de veículos foi de
62% em seis anos -chegando
até a 77%, como em Mariana.
Os dados são parte de um levantamento do Detran-MG feito a pedido da Folha, que inclui
motos, caminhões e ônibus.
As outras cidades são Ouro
Preto (aumento de 48%), São
João Del Rey (52%), Diamantina (61%), Congonhas (66%) e
Tiradentes (68%).
As consequências do maior
número de veículos podem ser
notadas no dia a dia dessas cidades. São congestionamentos
e muitos carros lotando os centros históricos.
O crescimento da frota nas
cidades históricas está ligado a
dois principais fatos, de acordo
com técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional): o boom vivido pelo setor da mineração a
partir de 2003 e o incremento
do turismo. Ambas as situações
geraram mais emprego e renda, elevando o potencial de
consumo das populações.
Além do turismo, a ação da
indústria extrativista mineral
beneficiou Ouro Preto, Mariana e Congonhas, onde empresas como Vale e Samarco ampliaram suas atividades.
Diamantina, dez anos após
receber título de Patrimônio
Cultural da Humanidade, passou a ter 1.800 leitos em hotéis
e pousadas e ganhou duas concessionárias de motocicletas.
Já em Mariana, que tem três
séculos de existência, a causa
do elevado crescimento do tráfego de caminhões e ônibus é a
mineração. Os caminhões tiveram um crescimento de 75% e
os ônibus, de 80%.
Esse crescimento e a falta de
um estudo do trânsito em Mariana para regulamentar a
questão levaram o promotor
Antonio Carlos de Oliveira a
entrar com ação civil pública
para que a Justiça imponha a
realização de uma perícia que
possa balizar projetos de reestruturação do trânsito.
Os ônibus e os caminhões
são uma das maiores preocupações dos órgãos de proteção ao
patrimônio.
Os responsáveis pelo Iphan
dizem que os veículos pequenos não representam tanta
ameaça para o patrimônio, mas
geram muitos outros tipos de
problemas de circulação.
Cristina Seabra, chefe do
Iphan em Tiradentes, disse que
o trânsito pesado preocupa
mais porque os imóveis barrocos são frágeis e não foram feitos para suportar abalos de veículos. Quando as cidades foram
erguidas, as pessoas transitavam a pé ou a cavalo.
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