São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em MG, frota de veículos cresce mais nas cidades históricas

Segundo o Iphan, imóveis barrocos não foram feitos para suportar abalos de veículos

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OURO PRETO E MARIANA

A frota de veículos de seis cidades históricas de Minas Gerais cresceu, entre 2002 e 2008, mais do que a de BH e mais do que a média do Estado. São cidades tombadas ou com bens tombados pelos órgãos do patrimônio cultural ou Unesco (órgão das Nações Unidas).
Enquanto o crescimento médio em Minas foi de 56% e o de BH foi de 47%, nas cidades do período barroco a evolução média da frota de veículos foi de 62% em seis anos -chegando até a 77%, como em Mariana.
Os dados são parte de um levantamento do Detran-MG feito a pedido da Folha, que inclui motos, caminhões e ônibus.
As outras cidades são Ouro Preto (aumento de 48%), São João Del Rey (52%), Diamantina (61%), Congonhas (66%) e Tiradentes (68%).
As consequências do maior número de veículos podem ser notadas no dia a dia dessas cidades. São congestionamentos e muitos carros lotando os centros históricos.
O crescimento da frota nas cidades históricas está ligado a dois principais fatos, de acordo com técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional): o boom vivido pelo setor da mineração a partir de 2003 e o incremento do turismo. Ambas as situações geraram mais emprego e renda, elevando o potencial de consumo das populações.
Além do turismo, a ação da indústria extrativista mineral beneficiou Ouro Preto, Mariana e Congonhas, onde empresas como Vale e Samarco ampliaram suas atividades.
Diamantina, dez anos após receber título de Patrimônio Cultural da Humanidade, passou a ter 1.800 leitos em hotéis e pousadas e ganhou duas concessionárias de motocicletas.
Já em Mariana, que tem três séculos de existência, a causa do elevado crescimento do tráfego de caminhões e ônibus é a mineração. Os caminhões tiveram um crescimento de 75% e os ônibus, de 80%.
Esse crescimento e a falta de um estudo do trânsito em Mariana para regulamentar a questão levaram o promotor Antonio Carlos de Oliveira a entrar com ação civil pública para que a Justiça imponha a realização de uma perícia que possa balizar projetos de reestruturação do trânsito.
Os ônibus e os caminhões são uma das maiores preocupações dos órgãos de proteção ao patrimônio.
Os responsáveis pelo Iphan dizem que os veículos pequenos não representam tanta ameaça para o patrimônio, mas geram muitos outros tipos de problemas de circulação.
Cristina Seabra, chefe do Iphan em Tiradentes, disse que o trânsito pesado preocupa mais porque os imóveis barrocos são frágeis e não foram feitos para suportar abalos de veículos. Quando as cidades foram erguidas, as pessoas transitavam a pé ou a cavalo.


Texto Anterior: Na Argentina, paranoia com a doença diminui
Próximo Texto: Após melhorias, Ouro Preto ainda tem problemas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.