São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

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Demolições na região da cracolândia recomeçarão amanhã

Prefeitura autorizou destruição de seis imóveis na rua dos Gusmões para dar lugar a conjunto residencial, cujas obras ainda não têm data para ter início

DA REPORTAGEM LOCAL

Começa amanhã uma nova fase de demolições na cracolândia. A prefeitura concedeu na sexta-feira autorização para a demolição de seis imóveis na rua dos Gusmões na quadra onde será construído um conjunto habitacional.
As primeiras demolições de prédios desapropriados começaram em 2007, na rua Gal. Couto de Magalhães, onde está prevista a construção da nova sede da Prodam (empresa municipal de tecnologia da informação). Até hoje, nada foi feito.
As demolições na rua dos Gusmões têm prazo de 30 dias para serem concluídas, mas as obras do novo conjunto habitacional ainda não se sabe quando vão começar.
Segundo o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, prefeitura e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) vão discutir como as unidades habitacionais serão integradas ao projeto urbanístico que será elaborado para a região.
Inicialmente estava prevista a construção de dois conjuntos com 150 apartamentos populares. Na área que começa a ser demolida amanhã, estavam previstos 75 apartamentos.

Burocracia
Mas, a prefeitura iniciou o processo de licitação para contratar um escritório de arquitetura que fará o projeto urbanístico do bairro para, só depois, fazer nova licitação que escolherá a empresa que assumirá a concessão da área.
É um processo longo e burocrático. Tanto que, com boa vontade, é de se esperar que obras de revitalização propriamente ditas só comecem mesmo em 2011.
O projeto urbanístico vai definir os critérios para a revitalização do bairro -alturas dos edifícios, localização das praças, áreas residenciais e comerciais, etc. Por isso é que, segundo Matarazzo, as obras não começarão imediatamente.
A aprovação dos projetos dos prédios da CDHU já foi um tanto confusa. O Conpresp (conselho municipal do patrimônio histórico) chegou a barrar o projeto alegando que a altura estabelecida pela companhia estava em desacordo com as normas da região.
A CDHU recorreu e, num segundo momento, o Conpresp liberou a obra. Mas isso atrasou a aprovação do projeto e, no fim, também atrasou o início da obra, que não tem mais data para começar. Também contribuiu para a demora a dificuldade da prefeitura em obter a posse dos imóveis desapropriados.
Rebatizada de Nova Luz pela prefeitura, desde meados deste mês, policiais, assistentes sociais e agentes de saúde fazem uma operação na região para tentar diminuir a ocupação dos chamado "crackeiros". Órgãos da prefeitura também participam fechando hotéis e pensões ocupadas por viciados.
Matarazzo acredita que a retomada das demolições pode ajudar a melhorar o aspecto da região. "É mais um avanço, isso vai arrumando a área."
A revitalização propriamente dita, no entanto, só vai começar com a concessão urbanística do bairro. Por este instrumento, a prefeitura passará para a iniciativa privada o direito de desapropriar os imóveis para, posteriormente, lucrar com a revenda dos prédios revitalizados. Em troca, a empresa terá de fazer tudo o que for previsto no projeto urbanístico, inclusive escolas e postos de saúde.
(EVANDRO SPINELLI)


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