São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2011 |
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ANÁLISE Aceitação da população e fiscalização são fundamentais para a lei "pegar" HAMER PALHARES ESPECIAL PARA A FOLHA Apesar de já haver lei proibindo a venda de bebidas para menores de 18 anos, ela ainda é muito fácil e ocorre de fato. Ou seja, o atual cenário é o de uma boa lei que não "pegou". Repetiremos o erro? A proibição é facilmente justificada: jovens costumam beber muitas doses numa só ocasião. Esse padrão é fortemente associado a consequências agudas, como sexo sem proteção, envolvimento em violência física, acidentes automobilísticos e experimentação de outras drogas. Ademais, como é um período de grande aprendizado, é quando começam a se instalar quadros de uso problemático de substâncias. Os melhores estudos epidemiológicos nacionais revelam algo em torno de 10% a 12% de alcoolistas na população adulta -a maioria iniciou o consumo na adolescência (alguns na infância). A medida do governo direciona-se à raiz do problema: a fase em que o indivíduo é mais vulnerável para a aquisição de padrões problemáticos e a droga que traz maior impacto à saúde da população brasileira, segundo a OMS. Sobra então a questão central: vai pegar? O que aprendemos com a lei antifumo é que a aceitação popular e a adequada fiscalização são fundamentais. Com isso, pode ocorrer de os próprios consumidores fiscalizarem. Punições crescentes são mais adequadas, pois permitem adequação e aprendizado dos estabelecimentos. Apenas radicalizar e fechar bares, supermercados ou restaurantes não vai resolver o problema. É preciso treinamento para os vendedores de bebida alcoólica. Os pais que não concordarem com a lei ainda têm a possibilidade de comprar bebida para os filhos consumirem em casa, sob supervisão. HAMER PALHARES é médico psiquiatra e professor da Especialização em Dependência Química - Modalidade Virtual (Uniad/Unifesp) Texto Anterior: SP promete dobrar leitos para alcoolismo Próximo Texto: Fim das férias encerra "trânsito tranquilo" Índice | Comunicar Erros |
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