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Consumo de bebida cai com orientação
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE
Cerca de 400 universitários que
bebiam exageradamente estão
participando de programa inédito para reduzir os danos do álcool
sem que precisem parar de beber.
Depois de seis meses, completados agora, o número de acidentes
provocados por eles caiu pela metade. Além disso, a grande maioria reduziu o consumo de bebida,
melhorou o desempenho nos cursos e teve menos ansiedade.
O programa, aplicado a estudantes do primeiro ano da Unesp
(Universidade Estadual de São
Paulo) de Botucatu, segue modelo
implantado por Alan Marlatt, titular de psicologia clínica, na Universidade de Washington (EUA).
O programa e os resultados parciais de Botucatu foram apresentados na 1ª Conferência Internacional sobre Consumo de Álcool e
Redução de Danos, encerrada na
sexta-feira em Recife.
"O objetivo é reduzir as consequências nocivas para os jovens e
para o entorno", diz Marlatt.
"Não é preciso parar de beber para participar", diz Florence Kerr-Corrêa, titular de psiquiatria da
Unesp e coordenadora do projeto. Esse pressuposto fez com que a
maioria dos que revelaram em
questionário beber em excesso
participasse do programa.
Os "selecionados convidados"
estavam no grupo que Florence
classifica de "beber se embriagando", que não bebem todo dia, mas
se embebedam a ponto de dar vexame, vomitar e não ir à aula.
Cerca de 25% dos jovens estavam no estágio de maior risco para acidentes de trânsito. Entre os
que bebiam mais, 12% já tinham
se acidentado. O programa consiste numa entrevista de uma hora que se repete duas semanas depois. O estudante informa sobre
seu histórico familiar, suas práticas e expectativas, quanto bebe,
quando, como e por que bebe.
Em troca, recebe informações e
orientação individualizadas e fica
sabendo, ao contrário do que
pensava, que está no grupo que
mais bebe e está correndo riscos.
Aprende a avaliar o efeito de cada
drinque e a adotar práticas como
beber espaçadamente, tomar líquidos, não beber de estômago
vazio e jamais dirigir embriagado.
"É uma entrevista motivacional,
uma relação de empatia, não de
confronto", diz Marlatt. "Mostramos os efeitos do álcool e damos
apoio a qualquer iniciativa para
diminuir os riscos e a bebida."
Os estudantes de Botucatu deverão ser seguidos por dois anos.
Por conta dos resultados preliminares animadores, Florence e sua
equipe já estão treinando professores de outras escolas, como a
Unicamp, de Campinas.
Site do programa da Unesp-Botucatu:
www.viverbem.fmb.unesp.br
Aureliano Biancarelli viajou a convite da
Conferência Internacional sobre Consumo de Álcool e Redução de Danos
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