São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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Brasileiros nos EUA ajudarão mãe de garoto

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Uma comunidade ligada à Igreja Católica e composta por 15 mil brasileiros na região de Boston (EUA) ajudará financeiramente por pelo menos seis meses a costureira desempregada R.S.S., 22, mãe de Jhéck Breener de Oliveira, 4, cujo pai, Jeson de Oliveira, 35, quer autorização judicial para realizar a eutanásia na criança.
O padre José Mário Ribeiro, 42, líder do grupo, afirmou que a comunidade decidiu ajudar a mãe porque ela passa por dificuldades financeiras desde que o estado de Jhéck se agravou. Ela não quer a eutanásia.
Com o agravamento do estado de saúde, R.S.S. deixou o emprego para ficar mais tempo com o filho. A comunidade prevê doar alimentos, roupas e fraldas e pagar o aluguel dela. "Vamos acompanhá-la materialmente, com dinheiro. Temos um projeto social aqui em Boston, e a comunidade decidiu apoiar", disse o padre, que é de São Paulo e está nos EUA há seis anos. O valor não foi definido pela igreja.
Como outros religiosos ouvidos pela Folha, ele é contra a eutanásia. O período do auxílio a R.S.S. pode ser prorrogado, dependendo da situação da mãe de Jhéck.
Já Oliveira disse ontem à tarde que não consegue mais ver seu filho sofrer em um leito hospitalar e que, por isso, prefere acabar com a vida dele, já que o quadro é irreversível. A afirmação foi feita mesmo após ele ter conversado com dois padres sobre o assunto.
O hospital iniciou o cadastramento de pessoas interessadas em doar algo à família de Jhéck. Os recepcionistas estão anotando os dados das pessoas, além do motivo pelo qual procuram a mãe da criança -oração, doação de alimentos ou dinheiro. "Ela [R.S.S.] tem recebido auxílio de muitas pessoas, indignadas por o pai querer isso", disse Lázara Andrade Camargo, amiga da mãe.
Anteontem, 50 pessoas telefonaram ou foram ao hospital. Também ontem, R.S.S. deu uma entrevista coletiva no hospital, protegida por um biombo, sem mostrar o rosto. Abalada com a situação, disse que vai lutar enquanto puder, por ser contra a eutanásia.


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