São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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Proposta fere lei, dizem advogados

da Reportagem Local

A instalação de novas pistas na marginal Tietê com pedágios é inconstitucional, segundo a opinião de advogados especialistas em direito constitucional ouvidos pela Folha. Eles afirmam que a proposta de cobrar pedágio em uma via urbana não tem precedentes e, por essa razão, precisará haver uma discussão sobre a sua constitucionalidade.
A Prefeitura de São Paulo contesta essa avaliação e diz que o projeto se baseou na Constituição e em exemplos. Um deles teria sido o da Linha Amarela -via urbana de 15 km que liga a Ilha do Fundão a Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Na via, há cobrança de pedágio desde janeiro de 98.
Em relação à Constituição, a legalidade de um pedágio em uma via urbana estaria prevista em um artigo que diz ser de responsabilidade do município a instituição de taxa de serviços públicos, segundo a avaliação da prefeitura.
"A Constituição não fala na possibilidade de haver cobrança de pedágio em vias urbanas", disse o advogado Celso Bastos, para quem a proposta da Prefeitura de São Paulo é inconstitucional.
"Essa proposta parece ferir o princípio da organização urbana, que deve ser igual para todos. Vejo uma antijuridicidade na proposta", disse o advogado de direito constitucional Miguel Reale.
A opinião de Bastos e Reale diverge da do advogado Célio Borja. Ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Borja não vê impedimento em se instituir a cobrança de pedágio em vias urbanas, como a marginal.
"Aparentemente, não vejo nada que impeça o poder público de cobrar alguma contribuição de quem usa a via pública", disse.

Discussão
A discussão sobre a constitucionalidade de um pedágio na marginal terá que ser feita por meio do TJ (Tribunal de Justiça). O TJ não se manifesta sobre o assunto porque terá que julgar o caso, se a questão chegar ao órgão.
A dúvida sobre a constitucionalidade de um pedágio na marginal poderá também ser levantada pela Procuradoria Geral de Justiça.
De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, a medida poderá ser tomada depois que a lei com a proposta for sancionada pelo prefeito Celso Pitta (PTN).


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