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INFÂNCIA
Organizações criticam descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente; instituição demite funcionários
Febem é acusada de desrespeitar o ECA
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Organizações de São Paulo e de
outras partes do país divulgaram
ontem dois manifestos criticando
o atendimento prestado pela Febem (Fundação Estadual do
Bem-Estar do Menor) aos menores infratores do Estado.
O manifesto do Movimento pela Infância e Juventude de São
Paulo afirma que o Estado não
cumpre o artigo 259 do Estatuto
da Criança e do Adolescente
(ECA), ao não mudar o regimento da Febem.
O artigo prevê que cada Estado
e município deve adequar o atendimento ao menor ao ECA, o que
não acontece em São Paulo, em
razão de o regimento da fundação
ser da década de 70.
"O sistema da Febem é calcado
em uma legislação da época autoritária. Daí esse conflito vivido pelos funcionários, que não sabem
se são carcereiros ou educadores,
pois não há um projeto educacional discutido com os órgãos do
setor", disse o promotor Clilton
Guimarães dos Santos, coordenador do Movimento Ministério
Público Democrático e um dos
signatários do manifesto.
Já o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP)
critica o processo de terceirização
do atendimento a menores que
serão internados no interior do
Estado, conforme o projeto de
descentralização da Febem.
"A execução da privação da liberdade é responsabilidade do
poder público. A privatização da
internação causará perda de
transparência", afirma Cenise
Monte Vicente, do CRP-SP.
O manifesto é co-assinado pelo
Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas), pelo
Ibccrim (Instituto Brasileiro de
Ciências Criminais) e pela Associação Brasileira de Magistrados e
Promotores da Infância e da Juventude, entre outras entidades.
No próximo dia 19, o CRP-SP
realizará um debate para discutir
a questão da Febem.
Adequação e demissão
O presidente da Febem, Guido
Andrade, admitiu que o regimento está em desacordo com o ECA
e que sua adequação é prioritária.
"Designei quatro pessoas para
cuidar da alteração", disse.
Já a terceirização é defendida
pela Febem, que afirma que os
convênios para administração de
novas unidades foram estabelecidos com entidades de reconhecida história na área.
Andrade demitiu ontem três
monitores acusados de facilitação
de fuga no complexo Imigrantes
-Ailton Manoel Santos, Wilson
dos Santos Araújo e Nelson Osório de Almeida- um dia depois
de eles serem soltos por decisão
da Justiça. O sindicato dos funcionários irá recorrer.
Colaborou Alessandro Silva, da Reportagem Local
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