MIRNA FEITOZA
da Redação

Com um show de bateria, um grupo de 30 adolescentes da Febem encerra amanhã, em São Paulo, a Expomusic, a Feira Internacional de Música. Com idades entre 14 e 18 anos, os jovens fazem parte da oficina de percussão Barracão dos Sonhos, uma bateria criada no ano passado na unidade do Tatuapé (zona sudoeste).
Outros dez adolescentes que já alcançaram a liberdade, juntam-se ao grupo no show de amanhã. Em meio às rebeliões e fugas, esses jovens encontraram, com a música, um modo de expressão social. Ensaiam todos os dias, participam de festivais internos, apresentam-se fora da Febem.
"A música mudou minha maneira de pensar, de agir. Quando você está fazendo música, você esquece isso aqui. Parece que você está fazendo alguma coisa lá fora", disse R.D.S, 17, durante o ensaio que a Folha acompanhou ontem pela manhã no Tatuapé.
Internado há um ano e sete meses, por assalto à mão armada, R. afirmou nunca ter participado de rebeliões. O mesmo disseram os demais adolescentes entrevistados (12, ao todo).
"Quero sair daqui, com a minha mãe, de cabeça erguida", disse. Sair com a cabeça erguida significa conquistar a liberdade após avaliação e aprovação de um juiz.
Além da bateria Barracão dos Sonhos, R.D.S é vocalista do grupo de samba "Amizade", que faz apresentação hoje, às 9h30, no Tuca, da PUC (Pontifícia Universidade Católica).
Os adolescentes da bateria Barracão dos Sonhos têm queixas: "Quando tem rebelião, você vê um monte de helicóptero voando aqui, mostrando os menores destruindo as unidades. Tinha de mostrar os cursos que a gente faz, os campeonatos de futebol, a escola, para as pessoas verem que aqui dentro não tem um monte de animal, tem seres humanos", afirmou R.D.S.


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