São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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Interno quer passar Natal com a família

da Redação

A época do ano a que C.T.S, 17, se refere é a proximidade do Natal e do Ano Novo. Os internos querem passar as festas de fim de ano com a família.
Como têm medo de não conseguir autorização para sair, eles se rebelam. Para isso, basta "enquadrar um monitor", que, na linguagem dos internos, significa rendê-lo com algo que sirva como arma: um pedaço de ferro, por exemplo, e atear fogo nos colchões com isqueiros.
Segundo os internos entrevistados pela Folha, há os que ficam só "zoando", isto é, correndo pelas ruas das unidades, enquanto os helicópteros filmam lá de cima. Há os que de fato fogem. Por último, existem aqueles que preferem não fugir, porque querem conquistar a liberdade por meio do juiz.
No entanto, quando a polícia entra na unidade para conter uma rebelião, todos apanham indiscriminadamente.
Na última rebelião da unidade do Tatuapé, W.L, 16, disse que estava em seu quarto, dormindo, quando estourou o movimento dos rebelados.
"A maioria nem saiu da unidade. Eu estava dormindo quando chegou a "choque" invadindo e batendo em todo mundo", afirmou ele.
Segundo internos que já estiveram na Febem Imigrantes, a repressão policial e dos monitores é maior nessa unidade. Conforme afirmaram, basta ocorrer uma briga entre os internos para haver violência.
"Já apanhei lá dentro por causa de uma briga. Um monitor me colocou no chão e pulou várias vezes em minhas costas. Naquele dia, pensei que minha coluna fosse quebrar", disse A.S.L., 18.
Outro que confirma a violência na Imigrantes é C.T.S, 17: "Se você brigar com um menor, o monitor pega, chama e dá um coro. Aqui não, se os funcionários "ralar mão em menor", "os menor" sai trocando soco com eles. Os monitores de lá quebram mesmo, eles batem.". (MiF)


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