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CASA DE DETENÇÃO
Delegação virá ao Brasil
Anistia denuncia desprezo por mortos
FÁBIO ZANINI
de Londres
A Anistia Internacional denunciou ontem o "desprezo e a negligência" pelos 111 mortos no massacre da Casa de Detenção, que
hoje completa sete anos.
Em nota, a entidade de direitos
humanos, cuja sede mundial é em
Londres, pediu às autoridades
brasileiras -governo, Congresso
e Judiciário- que se empenhem
para que os policiais acusados pelo massacre "não escapem impunes."
"O massacre do Carandiru é um
dos casos de violação de direitos
humanos mais terríveis já documentados pela Anistia", afirmou
à Folha Julia Rochester, uma das
responsáveis da organização pelo
acompanhamento do caso.
Na segunda-feira, uma delegação da Anistia chega ao Brasil para uma série de encontros com
autoridades judiciárias e representantes do Ministério da Justiça, exclusivamente para tratar das
condições de tratamento dos presos, que o grupo considera "entre
as piores do mundo".
"O fato de, sete anos depois, nenhum policial ter sido levado à
Justiça é simplesmente inacreditável. Esse sentimento de impunidade é quase um convite a novos
abusos", disse Julia Rochester.
Monitoramento
A delegação também pedirá a
implantação de um sistema de
monitoramento e inspeção das
condições de direitos humanos
em todo o sistema carcerário brasileiro.
"Nós aplaudimos medidas tomadas pelo governo, como o plano nacional de direitos humanos,
mas queremos mais, pois não é o
suficiente", declarou Julia Rochester.
Ela disse que os governos estaduais têm a obrigação de se envolver na eliminação de abusos contra presos, "pois são eles que controlam a polícia".
No dia 2 de outubro de 1992, a
Polícia Militar invadiu a Casa de
Detenção de São Paulo para tentar conter uma rebelião e matou
111 detentos do Pavilhão 9.
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