São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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CASA DE DETENÇÃO
Delegação virá ao Brasil
Anistia denuncia desprezo por mortos

FÁBIO ZANINI
de Londres

A Anistia Internacional denunciou ontem o "desprezo e a negligência" pelos 111 mortos no massacre da Casa de Detenção, que hoje completa sete anos.
Em nota, a entidade de direitos humanos, cuja sede mundial é em Londres, pediu às autoridades brasileiras -governo, Congresso e Judiciário- que se empenhem para que os policiais acusados pelo massacre "não escapem impunes."
"O massacre do Carandiru é um dos casos de violação de direitos humanos mais terríveis já documentados pela Anistia", afirmou à Folha Julia Rochester, uma das responsáveis da organização pelo acompanhamento do caso.
Na segunda-feira, uma delegação da Anistia chega ao Brasil para uma série de encontros com autoridades judiciárias e representantes do Ministério da Justiça, exclusivamente para tratar das condições de tratamento dos presos, que o grupo considera "entre as piores do mundo".
"O fato de, sete anos depois, nenhum policial ter sido levado à Justiça é simplesmente inacreditável. Esse sentimento de impunidade é quase um convite a novos abusos", disse Julia Rochester.

Monitoramento
A delegação também pedirá a implantação de um sistema de monitoramento e inspeção das condições de direitos humanos em todo o sistema carcerário brasileiro.
"Nós aplaudimos medidas tomadas pelo governo, como o plano nacional de direitos humanos, mas queremos mais, pois não é o suficiente", declarou Julia Rochester.
Ela disse que os governos estaduais têm a obrigação de se envolver na eliminação de abusos contra presos, "pois são eles que controlam a polícia".
No dia 2 de outubro de 1992, a Polícia Militar invadiu a Casa de Detenção de São Paulo para tentar conter uma rebelião e matou 111 detentos do Pavilhão 9.


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