São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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SAÚDE

Infecção provocou morte de três bebês em AL

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió

Exames realizados em 13 corpos de bebês mortos na maternidade Santa Mônica, de Maceió (AL) revelam que a infecção hospitalar matou 3 deles, desde quarta-feira passada.
A informação foi dada ontem pelo diretor-geral da Santa Mônica, Robson Vieira. A instituição é a única da cidade a atender recém-nascidos de alto risco. Vieira disse que três dos bebês foram vítimas de bactérias que causam pneumonia.
Segundo ele, a suspeita é de que um bebê que deu entrada na maternidade vindo do interior tenha levado a bactéria para dentro da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da maternidade. Ainda há quadro bebês na UTI com suspeita de terem contraído pneumonia dentro da maternidade.
Em relação às outras dez mortes, os exames mostraram que elas foram provocadas por problemas cardíacos e congênitos de recém-nascidos prematuros, cuja a vida era classificada por Vieira como "inviável". O mesmo laudo sobre as mortes foi confirmado pelo CRM (Conselho Regional de Medicina) do Estado.
O CRM-AL preparou relatório que diz que a maternidade não respeita padrões internacionais. O documento, obtido pela Agência Folha, é assinado pela fiscal do CRM-AL Ana Marluce Pitta Duarte. Faltam termômetros e respiradouros artificiais, diz o texto.
Entre as falhas consideradas graves está a "insuficiência do espaço físico". Na Santa Mônica, há dois leitos da UTI neonatal em cada 5m2. Os padrões internacionais exigem 5m2 para cada leito, medida que dificultaria a transmissão da infecção hospitalar.
A maternidade também não possui posto de preparo de medicação equipado com balcão e pia, posto de enfermagem com visão centralizada dos leitos e área própria para amamentação e ordenha. Não há também carro de reanimação de pacientes, diz o CRM-AL.
A falta de equipamentos deixa a maternidade sem condições de realizar alguns procedimentos médicos, entre eles a traqueostomia (colocação de um tubo de plástico na traquéia para facilitar a respiração) e cateterismo, além da falta de equipamentos para oxigenoterapia.
"Estamos preparando um novo relatório com sugestões para enquadrar a Santa Mônica nos padrões internacionais. As deficiências apontadas aumentam a possibilidade de mortes na maternidade", afirmou o presidente do CRM-AL, Emanoel Fortes.
O governador Ronaldo Lessa (PSB) visitou ontem a maternidade e reconheceu que há falhas, como falta estrutura física e de pessoal. Ele prometeu resolver os problemas de equipamentos e estruturais em 45 dias.
"Os laudos sobre as mortes mostram que não houve falha humana, mas sim a infeliz coincidência de vários bebês sem chance de sobrevivência terem entrado na maternidade em período muito curto de tempo", afirmou.



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