São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2005

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SAÚDE

Fumo em excesso e vida sedentária fazem dessas mulheres grupos de risco

Executiva se expõe mais que homem a doenças cardíacas

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

As executivas e as profissionais liberais brasileiras já superaram os homens em alguns fatores de risco cardiovasculares. É o que revela uma pesquisa com 25 mil check-ups médicos -20 mil homens e 5.000 mulheres- realizados entre 1990 e 2004 pela clínica carioca Med Rio.
As doenças cardiovasculares são hoje as principais causas de morte em mulheres acima de 35 anos. Matam seis vezes mais que o câncer da mama. Por isso, médicos defendem que as mulheres nessa faixa etária façam também avaliação anual do coração, além dos exames ginecológicos.
A pesquisa, publicada em obra recém-lançada pelo médico Gilberto Ururahy, chamada "O Cérebro Emocional - As Emoções e o Estresse do Cotidiano"-, mostra que, percentualmente, as mulheres executivas estão mais sedentárias e fumando mais do que os homens executivos avaliados.
O achado desmistifica a imagem da mulher executiva estampada nas revistas femininas: a da mulher saudável, que adota uma alimentação equilibrada e que malha todos os dias.
Das mulheres avaliadas, 70% não praticavam atividade física, contra 65% dos homens. Elas também estão dez pontos percentuais acima do público masculino no fator tabagismo (45% contra 35%). No teste ergométrico, elas tiveram pior desempenho, embora os médicos digam que esse resultado, isoladamente, não seja indicativo de problemas.
Para Ururahy, os dados da pesquisa refletem bem o retrato da mulher moderna, que acumula dupla e, às vezes, tripla jornada (casa, trabalho e universidade). "Ao assumir funções importantes, elas se submetem aos mesmos agentes estressores que os homens e desenvolvem as mesmas doenças cardiovasculares, metabólicas, pneumológicas e gastrointestinais, entre outras", diz.
Ururahy afirma que, especialmente no meio empresarial, está cada vez mais comum o hábito de a mulher fazer uma avaliação completa da saúde uma vez por ano, a exemplo dos homens.
É o caso da executiva carioca Ethel de Los Santos, 51, do Citibank, que há 13 anos faz anualmente um check-up, bancado pela empresa. "Ganho uma manhã para isso. Faço os preventivos, como eletrocardiograma e radiografias. Dá medo do que os exames podem encontrar. Mas penso que, quanto mais cedo detectar alguma coisa errada, maiores serão as chances de recuperação", diz.
Em um desses exames ela descobriu um nódulo suspeito na tireóide. Retirou a glândula e, para sua sorte, o tumor era benigno. Há sete anos, ela decidiu parar de fumar. Agora, tenta manter atividade física regular.
O cigarro e o sedentarismo são hoje dois dos principais vilões do coração feminino. Mulheres que fumam correm o risco de sofrer um infarto 19 anos antes do que as não-fumantes. O sedentarismo também dobra o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Para o médico Otávio Rizzi Coelho, presidente da regional paulista da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a inserção da mulher no mercado de trabalho trouxe vantagens, mas também malefícios a seu corpo, como o aumento do consumo de álcool e do tabagismo. Para ele, porém, não é possível generalizar os dados da pesquisa da Med Rio para o conjunto das executivas brasileiras, porque o trabalho não foi traçado metodologicamente com esse objetivo.

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