São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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outro lado

Apuração da FAB não é isenta, diz defesa de controladores

Advogado afirma que a Aeronáutica tem interesse em esconder os próprios defeitos

DA COLUNISTA DA FOLHA

O advogado Roberto Sobral, que defende os controladores de tráfego aéreo num outro IPM (Inquérito Policial Militar), para apurar se houve crime de motim na greve de 30 de março passado, disse ontem que "a FAB não é isenta para apurar, pois ela tem interesse em esconder os defeitos e falhas dela própria".
Segundo ele, a intenção do Comando da Aeronáutica no indiciamento de controladores "é tentar jogar a culpa [dos seus próprios defeitos] nos outros".
Sobral defende uma auditoria internacional para avaliar as condições de controle de tráfego aéreo no Brasil e diz que a Aeronáutica recusa a iniciativa porque sabe que o resultado será contra ela própria.
Por telefone, ele não quis responder aos itens do IPM sobre o acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, alegando não conhecer os detalhes: "Temos todos os dados do outro inquérito, mas esse aí [do acidente] está cercado de pressões silenciosas, eles [a Aeronáutica] estão sonegando todas as informações, em nome de uma utópica segurança".
Reclamou, ainda, que a FAB "trata desse inquérito como se fosse um segredo estratégico, como se o Brasil vivesse hoje numa guerra". Em vez de detalhes do texto, o advogado dos controladores cobra: "O objetivo é omitir informações importantíssimas sobre as falhas dela. Por que não aceita a auditoria internacional? É por isso".
De acordo com o advogado Roberto Sobral, dos cinco controladores indiciados, dois continuam trabalhando: Leandro José Santos de Barros e Lucivando Tibúrcio de Alencar. João Batista da Silva se aposentou e Felipe Santos dos Reis e Jomarcelo Fernandes dos Santos estão afastados.

Deficiência
Roberto Sobral disse que, de fato, há deficiências na formação de controladores e acusou: "Tem controlador que senta no console de qualquer jeito, sem nem ao menos saber falar inglês, só porque os superiores mandam".
Citou um exemplo: o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos, um dos cinco indiciados no IPM encaminhado pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, à Justiça Militar. Segundo o advogado, Jomarcelo foi rejeitado pelos próprios controladores especialistas, por não falar inglês, mas assumiu e ficou na função por determinação superior.


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