São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Apuração aponta que rádio do Legacy não funcionou por estar na freqüência errada

DA COLUNISTA DA FOLHA

O IPM sobre o acidente da Gol joga luz sobre um dos dois grandes mistérios que ainda persistem do acidente: o rádio do Legacy não funcionou porque estava na freqüência errada. Esse é, diz o relatório, "um ponto de capital importância".
O Legacy sobrevoou Brasília e entrou na aerovia UZ-6, rumo a Manaus, com a freqüência 125.05 MHz, própria para o setor 9. Os pilotos haviam sido informados pelo controle de Brasília, às 15h50, dessa freqüência. Mas ao entrar no setor seguinte, o 7 (onde ocorreu o acidente), o Legacy deveria usar a freqüência 135.9 MHz.
Pelo inquérito, o controlador Jomarcelo Fernandes dos Santos deveria ter atualizado a freqüência de rádio e corrigido a altitude do avião para o nível de 36 mil pés -e não o fez.
"Como o sargento Jomarcelo não orientou o N600XL [Legacy] para que efetuasse qualquer mudança de freqüência na passagem do setor 5 para o setor 7, é de se pressupor que a aeronave tenha mantido sintonizada a freqüência 125.05 MHz", diz o relatório.
Assim, o contato com Brasília poderia ser até no máximo 170 milhas náuticas, mas a 1ª tentativa de contato com o jato foi feita pelo controlador Lucivando Tibúrcio quando o Legacy já estava 210 milhas náuticas distante da capital.
Isso explica por que, apesar de o Cindacta-1 não conseguir falar com o Legacy, a comunicação fluía facilmente com outras aeronaves que circularam no mesmo período e lugar.
O relatório aproveita a informação para desautorizar as críticas, surgidas à época do acidente, de que haveria um "buraco negro" na região amazônica que inviabilizaria as comunicações e tornaria arriscado voar no país.
O IPM não investigou o outro grande mistério do acidente -o transponder inoperante. Se houver uma definição precisa será de uma outra investigação, a conduzida pelo Cenipa (o centro de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos), subordinado ao próprio Comando da Aeronáutica.


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