São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Pesquisas mostram que pacientes com fé têm melhoras

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE


A fé pode ajudar a curar doenças? Os dados científicos disponíveis -que não são muito numerosos nem estão isentos de controvérsia- sugerem que a resposta é um "sim" dos mais modestos.
A crença parece ser capaz de promover o bem-estar do paciente e ajudá-lo a enfrentar com mais sucesso uma enfermidade, mas efeitos miraculosos são um bocado raros e difíceis de provar.
O primeiro mecanismo aceito pelos médicos como uma influência positiva da fé religiosa sobre a saúde é social. Em geral, não se pratica uma religião sozinho, e a ida a igrejas, sinagogas ou terreiros insere a pessoa numa rede de proteção social, com orientadores espirituais e amigos que se importam com a situação médica dela e podem ajudá-la a se cuidar.
Pela razão inversa, sabe-se que gente solitária corre mais risco de morrer. Além disso, muitas religiões condenam o uso de álcool, o fumo e as drogas, o que também ajuda.
O outro fator é, no fundo, uma variante do que se costuma chamar de efeito placebo. Sabe-se que acreditar na eficácia de um medicamento ou tratamento faz com que, muitas vezes, ele tenha efeito, mesmo que na verdade seja uma substância inócua.
Do mesmo modo, a simples fé no poder benéfico da religião é capaz de trazer à tona as defesas do organismo, diminuir o estresse e fazer com que, otimista, a pessoa siga à risca o tratamento convencional, conseguindo se curar.
Os poucos estudos sobre o poder da oração indicam que o doente que reza é capaz de reduzir seus níveis de estresse, ansiedade e depressão.
Por outro lado, será que as orações de terceiros ajudam o paciente? O maior estudo feito a esse respeito até hoje teve um resultado irônico.
Em 2006, uma equipe da Universidade Harvard acompanhou mais de 1.800 pessoas que passaram por cirurgias de marcapasso. Elas foram divididas em três grupos: o primeiro recebeu orações de pessoas que iam a igrejas nos EUA, o segundo não foi alvo das preces e o terceiro recebeu orações e sabia que estava nas intenções dos fiéis.
O índice de mortalidade e complicações foi menor entre os que não receberam orações (51%) e maior entre os que entraram nas preces e sabiam disso (59%). Seja como for, a Sociedade Americana do Câncer alerta que a taxa de curas de tumores "pela fé" parece ser menor do que a do sumiço espontâneo da doença, um fenômeno conhecido, sem intervenção religiosa.



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