São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2004

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ANÁLISE

Alto custo limita outras ações

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia de a Prefeitura de São Paulo investir ativamente, com verba orçamentária, na expansão do Metrô, inclusive elevando sua participação acionária na empresa (hoje inferior a 1%), é vista com bons olhos por diferentes grupos do PSDB, mas enfrenta a resistência dos que temem haver visibilidade reduzida no curto prazo.
Embora a necessidade de construir mais metrô na capital paulista seja apontada de forma quase unânime por especialistas, também há muitos que reprovam a priorização desse investimento pela prefeitura, sob a seguinte alegação: como os recursos municipais são reduzidos, esse dinheiro faria muita falta para continuar as melhorias nos ônibus e teria interferência pequena para acelerar as obras na rede sobre trilhos.
Esse discurso reflete uma divergência entre petistas e tucanos na área. Chegou, inclusive, a ser abordado pela prefeita Marta Suplicy no último debate na televisão, quando ela citou que a gestão Covas/Alckmin gastou US$ 646 milhões (R$ 1,85 bilhão) na linha 5-lilás do Metrô (Capão Redondo-Largo Treze), que não transporta hoje nem 35 mil passageiros por dia, enquanto sua gestão fez melhorias significativas nos ônibus e lotações, que transportam 6 milhões por dia gastando metade dessa quantia (com corredores, terminais, bilhete único).
O fato é que metrô é bom, mas custa caro. O preço de referência é de US$ 100 milhões por km. Ou seja, para acrescentar 100 km na atual malha de 57 km e ter uma rede somente próxima da do México, seria preciso US$ 10 bilhões -quase dois orçamentos anuais da prefeitura (de R$ 15 bilhões).
O debate sobre a participação da prefeitura no Metrô é freqüente, até porque ela construiu a rede nos anos 70, passando-a ao Estado depois da constatação de que seus recursos eram insuficientes.
Os R$ 280 milhões/ano que seriam injetados na empresa por Serra poderiam ajudar nas obras da linha 4-amarela (Luz-Vila Sônia), de 12,8 km, cujo custo passa de R$ 3 bilhões e que tem sua entrega marcada para 2008. Ou então na expansão da linha 2-verde, de R$ 462 milhões, mas restrita a 2,9 km e planejada para 2006.
Eles poderiam ainda dar fôlego para outros projetos, como a extensão da linha 5-lilás até a Vila Mariana, mas não haveria tempo para terminá-los em quatro anos.
A preocupação com a visibilidade política da medida é porque ela potencializaria os atuais investimentos de Alckmin, mas Serra teria pouca novidade para mostrar em 2006, ano de eleições estaduais e presidenciais, além de estar sujeito à seguinte constatação: a linha 4 e a linha 2 já estavam previstas para sair independentemente da colaboração do município.
Já a proposta de as obras do Fura-Fila serem repassadas ao Metrô ou à CPTM enfrenta resistência de grupos tucanos que divergem de Walter Feldman. Ela não chegou nem a ser debatida com os principais técnicos do programa de governo de Serra -que discutiram mudanças no traçado e a transformação dele em VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
No Metrô, teme-se que essa herança poderia até comprometer a imagem de eficiência da empresa.


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