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ANÁLISE
Alto custo limita outras ações
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A idéia de a Prefeitura de São
Paulo investir ativamente, com
verba orçamentária, na expansão
do Metrô, inclusive elevando sua
participação acionária na empresa (hoje inferior a 1%), é vista com
bons olhos por diferentes grupos
do PSDB, mas enfrenta a resistência dos que temem haver visibilidade reduzida no curto prazo.
Embora a necessidade de construir mais metrô na capital paulista seja apontada de forma quase
unânime por especialistas, também há muitos que reprovam a
priorização desse investimento
pela prefeitura, sob a seguinte alegação: como os recursos municipais são reduzidos, esse dinheiro
faria muita falta para continuar as
melhorias nos ônibus e teria interferência pequena para acelerar
as obras na rede sobre trilhos.
Esse discurso reflete uma divergência entre petistas e tucanos na
área. Chegou, inclusive, a ser
abordado pela prefeita Marta Suplicy no último debate na televisão, quando ela citou que a gestão
Covas/Alckmin gastou US$ 646
milhões (R$ 1,85 bilhão) na linha
5-lilás do Metrô (Capão Redondo-Largo Treze), que não transporta hoje nem 35 mil passageiros
por dia, enquanto sua gestão fez
melhorias significativas nos ônibus e lotações, que transportam 6
milhões por dia gastando metade
dessa quantia (com corredores,
terminais, bilhete único).
O fato é que metrô é bom, mas
custa caro. O preço de referência é
de US$ 100 milhões por km. Ou
seja, para acrescentar 100 km na
atual malha de 57 km e ter uma
rede somente próxima da do México, seria preciso US$ 10 bilhões
-quase dois orçamentos anuais
da prefeitura (de R$ 15 bilhões).
O debate sobre a participação
da prefeitura no Metrô é freqüente, até porque ela construiu a rede
nos anos 70, passando-a ao Estado depois da constatação de que
seus recursos eram insuficientes.
Os R$ 280 milhões/ano que seriam injetados na empresa por
Serra poderiam ajudar nas obras
da linha 4-amarela (Luz-Vila Sônia), de 12,8 km, cujo custo passa
de R$ 3 bilhões e que tem sua entrega marcada para 2008. Ou então na expansão da linha 2-verde,
de R$ 462 milhões, mas restrita a
2,9 km e planejada para 2006.
Eles poderiam ainda dar fôlego
para outros projetos, como a extensão da linha 5-lilás até a Vila
Mariana, mas não haveria tempo
para terminá-los em quatro anos.
A preocupação com a visibilidade política da medida é porque ela
potencializaria os atuais investimentos de Alckmin, mas Serra teria pouca novidade para mostrar
em 2006, ano de eleições estaduais
e presidenciais, além de estar sujeito à seguinte constatação: a linha 4 e a linha 2 já estavam previstas para sair independentemente
da colaboração do município.
Já a proposta de as obras do Fura-Fila serem repassadas ao Metrô ou à CPTM enfrenta resistência de grupos tucanos que divergem de Walter Feldman. Ela não
chegou nem a ser debatida com os
principais técnicos do programa
de governo de Serra -que discutiram mudanças no traçado e a
transformação dele em VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
No Metrô, teme-se que essa herança poderia até comprometer a
imagem de eficiência da empresa.
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