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AÇÃO ORGANIZADA
Mobilização aconteceu na madrugada de ontem; após intervenção da polícia, três prédios foram desocupados
Sem-teto invadem 7 imóveis em São Paulo
FERNANDA FERNANDES
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa ação coordenada, grupos
de sem-teto invadiram simultaneamente cinco prédios, um antigo salão de baile e uma fábrica
abandonada, no início da madrugada de ontem em São Paulo.
De acordo com o MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro),
a ação mobilizou cerca de 3.500
trabalhadores sem-teto e 45 ônibus. Para a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, cerca de
1.500 militantes participaram das
invasões. No final da tarde, quatro
imóveis permaneciam ocupados.
Segundo o grupo, o objetivo é
protestar contra a política habitacional dos governos federal, estadual e municipal e abrir canais de
negociação com o poder público.
Ivanete de Araújo, coordenadora-geral do MSTC, disse que as invasões já estavam programadas
há cerca de três meses e não têm
nenhuma relação com a disputa
eleitoral.
"Nossa luta é contínua, porque
não há recursos para a habitação.
O governo estadual ignora o problema, o governo municipal ficou
aquém do esperado", disse.
As invasões foram feitas em diversos locais da cidade. Na região
central, nos bairros Campos Elíseos, Bexiga e Bom Retiro, na zona leste, em São Mateus, e na zona
norte, na Casa Verde.
Os trabalhadores se organizaram na "Frente de Luta", congregando 12 movimentos de reivindicação pela moradia da cidade,
como MTSC, MTST (Movimento
dos Trabalhadores Sem-teto da
Região Central), Unas (União dos
Núcleos, Associações e Sociedades do Heliópolis), Campo Alegre, Campo Forte, Movimento da
Região da Mooca, entre outros.
Segundo Araújo, a maioria das
pessoas envolvidas na ocupação
são moradores de favela e cortiços
e algumas em situação de rua.
Cláudia dos Reis, 29, morava
em uma barraco emprestado em
Nazaré Paulista (56 km a noroeste
de São Paulo) com seus quatro filhos -o mais velho de sete anos e
o mais novo de quatro meses.
Ela disse que ficou sabendo do
movimento em reuniões no bairro onde morava. Soube apenas
anteontem que iria participar de
uma invasão numa antiga fábrica
abandonada no bairro do Bom
Retiro -um grande galpão, sem
luz elétrica e sem água encanada.
"Sonho em ter um endereço fixo, uma casa digna. As crianças
estão achando isso um passeio."
Estratégias
Na rua Rêgo Freitas (região central), os sem-teto trancaram a entrada principal com cadeados.
Segundo Lizete Gomes, uma
das coordenadoras do MSTC,
mais de 80 pessoas participaram
da ação. A polícia afirma que apenas 40 manifestantes entraram no
local e mais de 300 pessoas permaneceram na rua.
Gomes afirma que houve truculência por parte de policiais militares após a ocupação do prédio
vazio do INSS na rua Conselheiro
Crispiniano,125 (região central).
Segundo ela, os soldados entraram pelos fundos de um edifício
vizinho, lançaram bombas de gás
lacrimogêneo e expulsaram os
sem-teto. Ninguém ficou ferido.
O prédio da rua Conselheiro
Carrão também foi liberado após
intervenção policial. O imóvel da
Barão de Piracicaba foi desocupado após uma negociação entre o
movimento e a polícia.
Outro lado
O coronel Alberto Silveira Rodrigues, comandante-geral da Polícia Militar, afirmou que oito policiais agiram para manter a ordem e precisaram usar munição
química para evitar que os prédios fossem invadidos. Segundo
ele, a agressão partiu dos sem-teto, que começaram jogando pedras nos policiais.
"A agressão começou na tentativa de invadir prédios, desrespeitando a lei. Eles agridem e depois
se colocam no lugar de vítimas",
afirmou o coronel.
Colaborou RACHEL AÑÓN, da
Agência Folha
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