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Segurança de vôo recebeu só 54% da verba prevista
Até novembro, programa de proteção ao vôo recebera R$ 286,5 mi dos R$ 531,7 mi previstos
Média dos últimos três anos foi maior, com mais de 84% das verbas liberadas; Fundo Aeronáutico tem R$ 1,9 bi contingenciados em caixa
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que a crise no sistema de tráfego aéreo completou seis dias, o governo havia
desembolsado pouco mais da
metade dos gastos previstos no
programa de proteção ao vôo
em 2006, mas o Fundo Aeronáutico, que deveria repassar
as tarifas cobradas nos embarques e demais taxas aeroportuárias para o sistema, acumulava um saldo de mais de
R$ 1,9 bilhão.
Os números estão disponíveis no Siafi (sistema informatizado de acompanhamento de
gastos federais). Em reação a
esse retrato, o Comando da Aeronáutica informou ontem que
pretende acelerar os gastos do
programa de proteção ao vôo e
segurança do tráfego aéreo até
o final do ano. Mas negou que a
crise tenha sido causada pelo
bloqueio de recursos do Fundo
Aeronáutico.
"A situação atual do controle
do espaço aéreo nada tem a ver
com disponibilidade de recursos para o Sisceab (Sistema de
Controle do Espaço Aéreo Brasileiro), uma vez que os equipamentos instalados estão em
funcionamento e são compatíveis com o atual volume de tráfego aéreo em nosso País", afirma a Aeronáutica em nota enviada à Folha.
À exceção de 2006, os números mostram um volume razoável de gastos públicos na
área de proteção de vôo. A dois
meses do final do ano, os pagamentos do programa de proteção ao vôo somavam R$ 286,5
milhões -ou 54%- dos R$
531,7 milhões de gastos autorizados em 2006.
2001 e 2002
Em 2001 e 2002, consideradas as contas pendentes de
anos anteriores, os pagamentos
superaram a dotação autorizada pela lei orçamentária. Nos
três primeiros anos de governo
Lula, os pagamentos representaram, respectivamente, 84%,
94% e 87% dos gastos autorizados em 2003, 2004 e 2005. Os
percentuais estão bem acima
da média de pagamento dos
programas do Orçamento.
O programa de proteção ao
vôo e segurança do tráfego aéreo, subordinado ao orçamento
do Ministério da Defesa, concentra gastos no Sistema de
Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, cujo objetivo seria proporcionar "mais segurança, regularidade e fluidez à circulação aérea nacional".
Também são previstos gastos
em investigação e pesquisa de
acidentes e atualização das cartas aeronáuticas.
Maior fonte
A maior fonte de recursos para o programa é o Fundo Aeronáutico, composto de várias tarifas cobradas de passageiros,
empresas aéreas e demais
usuários dos aeroportos.
De acordo com os números
do Siafi, e apesar das reiteradas
pressões para a liberação de recursos, não se pode atribuir a
recente crise no sistema de
controle de vôo ao bloqueio de
verbas do Fundo Aeronáutico.
Ontem, o ministro Waldir Pires (Defesa) não se manifestou
sobre a liberação de mais recursos, mas o Comando da Aeronáutica pleiteou o aumento da
dotação orçamentária para investimentos necessários à expansão do sistema em 2007.
O antecessor de Pires no Ministério da Defesa, José Viegas
Filho, assinou, em outubro de
2003, documentos que defendiam o desbloqueio de verbas
dos fundos Aeronáutico e Aeroviário, que recebem cerca de R$
500 milhões por ano.
O bloqueio fez o saldo do fundo saltar de R$ 608 milhões
para R$ 1,9 bilhão no período
do governo Lula -dinheiro que
ajuda no superávit primário, a
economia de gastos destinada
ao pagamento da dívida
pública.
O documento de 2003 que
estabelece as diretrizes de política de aviação civil afirma que
"o contingenciamento sistemático desses recursos vem produzindo dificuldades no Comando da Aeronáutica" e
aponta riscos para o controle
de tráfego aéreo: "A diminuição
dos recursos aplicados nessa
atividade produz reflexos na
própria segurança dos vôos, podendo acarretar a degradação
do sistema".
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