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1/3 dos hospitais com leitos não tem controle de infecção
Pesquisa revela ainda que nš de leitos para internação no Brasil caiu de 2002 para 2005
Apesar da queda, quantidade de internações aumentou no período; IBGE e Ministério da Saúde atribuem resultado a uso mais racional dos leitos
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Trinta e seis por cento dos estabelecimentos de saúde com
leitos para internação no país
não fazem controle de infecção
hospitalar, procedimento considerado fundamental em qualquer hospital. O dado conta da
Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (divulgada ontem
pelo IBGE), que também mostra que o número de leitos para
internação no Brasil caiu mais
uma vez de 2002 para 2005.
Segundo a pesquisa, a queda
no número de leitos não afetou
o total de internações, que aumentaram no mesmo período.
A aparente contradição é explicada pelo IBGE e pelo Ministério da Saúde como reflexo de
um uso mais racional dos leitos.
Com o avanço tecnológico, pacientes podem ficar menos
tempo internados ou nem ir
para o leito em procedimentos
que, antes, exigiam internação.
É por isso que o número de
internações por leito subiu de
42 em 2002 para 52 em 2005.
Além do baixo número de estabelecimentos com leitos que
fazem controle de infecção
hospitalar, outro dado negativo
revelado pela pesquisa é que
46% do total de estabelecimentos não apresentam padrões
adequados de acessibilidade
para portadores de deficiência
e em apenas 13% deles há sanitários adaptados a esse grupo.
Dados preocupantes
Segundo Jarbas Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Saúde, a falta de acessibilidade a deficientes e o elevado
número de hospitais sem controle de infecção hospitalar
preocupam. "Vamos pedir que
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária trabalhe com base
nesses dados para chegarmos a
100% dos hospitais e clínicas
com esse controle."
Em relação ao número de leitos por habitantes, a pesquisa
mostra que, pela primeira vez,
essa proporção chegou a níveis
abaixo dos considerados adequados pelo Ministério da Saúde. Uma portaria de 2002 do
ministério estabelece que a relação ideal varia entre 2,5 e 3,0
leitos por 1.000 habitantes. Em
2005, essa relação foi de 2,4. Só
oito Estados apresentaram relação maior que 2,5 por 1.000.
Para Barbosa, isso não é
preocupante: "O que está havendo é um melhor aproveitamento dos leitos existentes. Isso ocorre em todo o mundo. O
ministério pode, inclusive, rever o parâmetro da portaria".
O diretor-presidente da
Agência Nacional de Saúde Suplementar, Fausto Pereira dos
Santos, concorda: "Muitos procedimentos que antes exigiam
internação hoje são apenas ambulatoriais. Além disso, o tempo de permanência do paciente
nos leitos diminui, o que é muito positivo. Cirurgias que demandavam um tempo de recuperação de uma semana hoje
demandam apenas dois dias".
Financiamento do SUS
Jorge Machado Curi, presidente da Associação Paulista de
Medicina, diz que a explicação
é correta, mas aponta que esse
fator pode não ser o único a explicar a queda dos leitos.
"A melhor utilização dos leitos é muito positiva, mas me
parece que está acontecendo
também um problema preocupante de financiamento do
SUS. Além de a tabela de pagamento ser insuficiente para
compensar os custos da maioria dos procedimentos, o sistema também estabelece um teto
para pagamento por serviços
feitos por estabelecimentos
privados conveniados. Com isso, se a instituição ultrapassa
esse teto, passa a não receber.
Isso contribui para aumentar a
espera por um leito", diz Curi.
Essa hipótese ganha força
quando se compara o comportamento do número de leitos e
internações por tipo de rede.
Na pública, há aumento no número de leitos e no de internações. Já na privada o número de
leitos cai tanto na rede conveniada ao SUS quanto na não
conveniada.
A principal diferença aparece
quando se compara o número
de internações na rede privada
conveniada ao SUS com a não
conveniada. De 2002 para
2005, mesmo com a queda no
total de leitos, o número de internações na rede privada sem
convênio aumentou 79%. Na
particular que atende ao SUS, o
movimento foi inverso, com redução de 1,2% nas internações.
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