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Profissionais em segurança no trânsito e medicina criticam queda na fiscalização
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco de a lei seca "não pegar" entre os motoristas ainda
existe. Portanto, não é hora para abrandar a fiscalização. A
opinião é de profissionais em
medicina e segurança de transportes ouvidos pela Folha.
"Se a fiscalização não continuar intensa, o medo [do motorista de ser multado] vai passar.
Aí, vamos ter mais uma lei que
não pegou. É preciso consolidar [no motorista] o receio de
beber", afirma Cyro Vidal, ex-diretor do Detran e um dos autores do Código de Trânsito
Brasileiro.
Para Vidal, os 51 bafômetros
que a Polícia Militar da capital
possui atualmente são insuficientes, assim como os 800 homens do batalhão de trânsito
que atuam na fiscalização nas
ruas. "É pouca gente. Por que a
guarda municipal não ajuda na
fiscalização?", sugere Vidal.
"Luz amarela"
O professor de engenharia de
segurança do trânsito da UnB
(Universidade de Brasília),
Paulo César Marques, pondera
que, caso a redução dos índices
de fiscalização seja fruto de um
planejamento da Polícia Militar, ela pode não ser um problema grave.
"Mas é para acender a luz
amarela. Se houver acabado o
gás da fiscalização, a coisa fica
complicada", diz Marques.
O professor observa que o
grande objetivo da lei é promover uma "transformação na
cultura do motorista".
"Se as pessoas mudaram só
para não levar multas, é bom,
mas não é tudo. A mudança tem
que ser mais profunda, nos valores da sociedade", afirma.
Diretor-técnico do pronto-socorro do Hospital das Clínicas, Celso Bernini diz que a fiscalização tem que ser intensiva,
"pelo menos até inventarem
carros que só funcionem se o
motorista estiver sóbrio".
"É como o cinto de segurança, que só pegou porque foi fiscalizado. Mas o uso do cinto dá
para fiscalizar de longe. A lei seca não, a autoridade tem que
parar o veículo e fiscalizar."
O presidente da Abramet
(Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Flávio Emir
Adura, é favorável à fiscalização
aleatória como pretende a PM
de São Paulo.
Mas ele observa que a ação
tem que ser uma ampliação em
relação ao que já existia no início da lei, em vez de substituir
parte das blitze. "Todos, sobretudo nós, médicos, temos alguma história triste de violência
no trânsito para contar. Não
podemos correr o risco de tolerar [violência no trânsito]."
(RS)
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