São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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Profissionais em segurança no trânsito e medicina criticam queda na fiscalização

DA REPORTAGEM LOCAL

O risco de a lei seca "não pegar" entre os motoristas ainda existe. Portanto, não é hora para abrandar a fiscalização. A opinião é de profissionais em medicina e segurança de transportes ouvidos pela Folha.
"Se a fiscalização não continuar intensa, o medo [do motorista de ser multado] vai passar.
Aí, vamos ter mais uma lei que não pegou. É preciso consolidar [no motorista] o receio de beber", afirma Cyro Vidal, ex-diretor do Detran e um dos autores do Código de Trânsito Brasileiro.
Para Vidal, os 51 bafômetros que a Polícia Militar da capital possui atualmente são insuficientes, assim como os 800 homens do batalhão de trânsito que atuam na fiscalização nas ruas. "É pouca gente. Por que a guarda municipal não ajuda na fiscalização?", sugere Vidal.

"Luz amarela"
O professor de engenharia de segurança do trânsito da UnB (Universidade de Brasília), Paulo César Marques, pondera que, caso a redução dos índices de fiscalização seja fruto de um planejamento da Polícia Militar, ela pode não ser um problema grave.
"Mas é para acender a luz amarela. Se houver acabado o gás da fiscalização, a coisa fica complicada", diz Marques.
O professor observa que o grande objetivo da lei é promover uma "transformação na cultura do motorista".
"Se as pessoas mudaram só para não levar multas, é bom, mas não é tudo. A mudança tem que ser mais profunda, nos valores da sociedade", afirma.
Diretor-técnico do pronto-socorro do Hospital das Clínicas, Celso Bernini diz que a fiscalização tem que ser intensiva, "pelo menos até inventarem carros que só funcionem se o motorista estiver sóbrio".
"É como o cinto de segurança, que só pegou porque foi fiscalizado. Mas o uso do cinto dá para fiscalizar de longe. A lei seca não, a autoridade tem que parar o veículo e fiscalizar."
O presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Flávio Emir Adura, é favorável à fiscalização aleatória como pretende a PM de São Paulo.
Mas ele observa que a ação tem que ser uma ampliação em relação ao que já existia no início da lei, em vez de substituir parte das blitze. "Todos, sobretudo nós, médicos, temos alguma história triste de violência no trânsito para contar. Não podemos correr o risco de tolerar [violência no trânsito]." (RS)


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