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Profissional "exilado" fala em dificuldades para voltar
Há 14 anos em Nova York, socióloga diz não ver condições para viver no Brasil agora
"Preciso viajar bastante para fazer trabalhos de campo, e, no Brasil, não conseguiria reunir recursos para isso", afirma
DA SUCURSAL DO RIO
DE NOVA YORK
A socióloga Adriana Abdenur, 32, pensa muito em retornar ao Rio de Janeiro, onde vive
sua família, mas não vê condições profissionais para isso.
"Eu teria que alterar a minha linha de pesquisa", explica. Ela
não tem idéia de quando será
possível realizar o desejo de
voltar ao país.
Já faz 14 anos que Adriana
mora nos EUA, onde conseguiu
uma bolsa da prestigiosa Universidade Harvard para a graduação na área de ciência política. Depois, a socióloga fez
mestrado em Columbia.
Atualmente, ela é professora
da Universidade New School,
em Nova York, e dedica-se no
pós-doutorado a uma pesquisa
sobre cidades do Brasil, África
do Sul, Índia e China.
"Preciso viajar bastante para
fazer trabalhos de campo, e, no
Brasil, não conseguiria reunir
recursos para isso. Não há no
país financiamento suficiente
para pesquisa, sobretudo na
minha área."
Ironia
Outro problema é a organização e disponibilidade de materiais e documentos. "Concluí
um livro sobre políticas urbanas em várias regiões do país.
Ironicamente, aqui nos EUA
consegui fazer uma investigação muito melhor sobre o Brasil do que teria sido possível lá
[no Brasil]."
O físico Diego Vaz Bevilaqua,
31, também foi parar em Harvard, onde fez pós-doutorado,
mas acabou voltando ao país.
Ele conta que, desde o início,
seu objetivo era voltar, mas
acabou estendendo sua estadia
nos Estados Unidos por mais
dois anos -ia ficar originalmente apenas um- graças a
uma ajuda da universidade.
Na avaliação de Bevilaqua, a
decisão de brasileiros de permanecerem no exterior é muito mais uma conseqüência das
melhores condições de trabalho e pesquisa do que fruto de
uma possível estratégia dos
países em não deixar que os estudantes voltem para seus países de origem.
No Brasil
Já o administrador Matheus
Schmidt, 25, foi procurar na
França uma oportunidade que
lhe abrisse as portas do mercado de trabalho europeu e brasileiro ao mesmo tempo. Graças
a um convênio da USP com a
Escola de Administração Euromed Marseille, ele ficou um
ano fora e voltou ao Brasil para
concluir o curso que lhe permitiu ter um diploma válido na
Europa e aqui.
"Meu planejamento de curto
prazo é ficar no Brasil, mas fico
sempre de olho em oportunidades por lá também. A qualidade
de vida que se tem na França é
muito boa e é grande a demanda por profissionais recém-formados em algumas áreas. Se
pintar uma chance, meu diploma duplo me permite", diz
Schmidt.
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