São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Profissional "exilado" fala em dificuldades para voltar

Há 14 anos em Nova York, socióloga diz não ver condições para viver no Brasil agora

"Preciso viajar bastante para fazer trabalhos de campo, e, no Brasil, não conseguiria reunir recursos para isso", afirma

DA SUCURSAL DO RIO
DE NOVA YORK

A socióloga Adriana Abdenur, 32, pensa muito em retornar ao Rio de Janeiro, onde vive sua família, mas não vê condições profissionais para isso. "Eu teria que alterar a minha linha de pesquisa", explica. Ela não tem idéia de quando será possível realizar o desejo de voltar ao país.
Já faz 14 anos que Adriana mora nos EUA, onde conseguiu uma bolsa da prestigiosa Universidade Harvard para a graduação na área de ciência política. Depois, a socióloga fez mestrado em Columbia.
Atualmente, ela é professora da Universidade New School, em Nova York, e dedica-se no pós-doutorado a uma pesquisa sobre cidades do Brasil, África do Sul, Índia e China.
"Preciso viajar bastante para fazer trabalhos de campo, e, no Brasil, não conseguiria reunir recursos para isso. Não há no país financiamento suficiente para pesquisa, sobretudo na minha área."

Ironia
Outro problema é a organização e disponibilidade de materiais e documentos. "Concluí um livro sobre políticas urbanas em várias regiões do país. Ironicamente, aqui nos EUA consegui fazer uma investigação muito melhor sobre o Brasil do que teria sido possível lá [no Brasil]."
O físico Diego Vaz Bevilaqua, 31, também foi parar em Harvard, onde fez pós-doutorado, mas acabou voltando ao país. Ele conta que, desde o início, seu objetivo era voltar, mas acabou estendendo sua estadia nos Estados Unidos por mais dois anos -ia ficar originalmente apenas um- graças a uma ajuda da universidade.
Na avaliação de Bevilaqua, a decisão de brasileiros de permanecerem no exterior é muito mais uma conseqüência das melhores condições de trabalho e pesquisa do que fruto de uma possível estratégia dos países em não deixar que os estudantes voltem para seus países de origem.

No Brasil
Já o administrador Matheus Schmidt, 25, foi procurar na França uma oportunidade que lhe abrisse as portas do mercado de trabalho europeu e brasileiro ao mesmo tempo. Graças a um convênio da USP com a Escola de Administração Euromed Marseille, ele ficou um ano fora e voltou ao Brasil para concluir o curso que lhe permitiu ter um diploma válido na Europa e aqui.
"Meu planejamento de curto prazo é ficar no Brasil, mas fico sempre de olho em oportunidades por lá também. A qualidade de vida que se tem na França é muito boa e é grande a demanda por profissionais recém-formados em algumas áreas. Se pintar uma chance, meu diploma duplo me permite", diz Schmidt.


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