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Kafka, conselheiro de diretores do FMI
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Primo distante do escritor
tcheco Franz Kafka (1883-1924), Alexandre Kafka saiu
de Praga para fugir da metamorfose nazista por que passava parte da Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Chegou ao Rio de Janeiro em 1941.
Três anos depois, iria
montar o Departamento de
Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp),
a convite de Roberto Simonsen. No mesmo ano, foram
criados o Banco Mundial e o
Fundo Monetário Internacional (FMI). No mesmo
ano, Kafka foi indicado para
trabalhar para o segundo, em
sua sede em Washington.
No FMI, o economista formado em Oxford se tornaria
o funcionário mais longevo
da instituição, o diretor-executivo do Brasil que mais
tempo ficou nesse cargo (32
anos, de 1966 a 1998) e o decano do conselho de diretores, prestigioso cargo que
acumulou nos últimos 21
anos na casa.
Além do aspecto formal
-é o decano quem faz oficialmente o convite ao candidato escolhido para ser diretor-geral do FMI e é ele
quem lhe dá posse- , o cargo
é oferecido ao economista
mais experiente da instituição. Experiência não faltava
ao diretor que acompanhou
todas as crises econômicas
brasileiras desde o início da
ditadura militar até o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique
Cardoso.
Aposentou-se em 1998 e,
nos últimos anos, por conta
da doença, foi deixando aos
poucos de freqüentar a instituição. Seus sucessores foram Murilo Portugal, hoje vice-diretor do Fundo, e Paulo Nogueira Batista, atualmente na função.
"Ele teve papel importante
no esforço de fortalecer o sistema monetário internacional ao promover uma parceria verdadeiramente global entre países mais e menos
avançados economicamente", disse Dominique
Strauss-Kahn, atual diretor-gerente do Fundo, que elogiou o multilateralismo do
tcheco naturalizado brasileiro. "Foi um dos economistas
brasileiros mais importantes
da geração dele", disse Nogueira Batista.
"Era muito respeitado
porque tinha habilidade diplomática, era muito vigoroso na defesa de seus pontos
de vista e tinha grande conhecimento técnico. É uma
pena."
Viúvo de Rita, Alexandre
Kafka deixa as filhas Doris e
Barbara e cinco netos.
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