São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Kafka, conselheiro de diretores do FMI

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Primo distante do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924), Alexandre Kafka saiu de Praga para fugir da metamorfose nazista por que passava parte da Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Chegou ao Rio de Janeiro em 1941.
Três anos depois, iria montar o Departamento de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a convite de Roberto Simonsen. No mesmo ano, foram criados o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). No mesmo ano, Kafka foi indicado para trabalhar para o segundo, em sua sede em Washington.
No FMI, o economista formado em Oxford se tornaria o funcionário mais longevo da instituição, o diretor-executivo do Brasil que mais tempo ficou nesse cargo (32 anos, de 1966 a 1998) e o decano do conselho de diretores, prestigioso cargo que acumulou nos últimos 21 anos na casa.
Além do aspecto formal -é o decano quem faz oficialmente o convite ao candidato escolhido para ser diretor-geral do FMI e é ele quem lhe dá posse- , o cargo é oferecido ao economista mais experiente da instituição. Experiência não faltava ao diretor que acompanhou todas as crises econômicas brasileiras desde o início da ditadura militar até o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Aposentou-se em 1998 e, nos últimos anos, por conta da doença, foi deixando aos poucos de freqüentar a instituição. Seus sucessores foram Murilo Portugal, hoje vice-diretor do Fundo, e Paulo Nogueira Batista, atualmente na função.
"Ele teve papel importante no esforço de fortalecer o sistema monetário internacional ao promover uma parceria verdadeiramente global entre países mais e menos avançados economicamente", disse Dominique Strauss-Kahn, atual diretor-gerente do Fundo, que elogiou o multilateralismo do tcheco naturalizado brasileiro. "Foi um dos economistas brasileiros mais importantes da geração dele", disse Nogueira Batista.
"Era muito respeitado porque tinha habilidade diplomática, era muito vigoroso na defesa de seus pontos de vista e tinha grande conhecimento técnico. É uma pena."
Viúvo de Rita, Alexandre Kafka deixa as filhas Doris e Barbara e cinco netos.


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