São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Cirurgia de coração tem técnica menos invasiva

Procedimento evita grandes aberturas no tórax e tem melhor efeito estético

Procedimento está sendo aplicado em pessoas com problemas de válvulas, arritmias e algumas cardiopatias congênitas

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pacientes que tiverem que fazer cirurgia cardíaca já têm alternativas para fugir da "serra" e dos tradicionais cortes que chegam a 30 centímetros no tórax. Isso porque a câmera e o vídeo, muito comuns em cirurgias de todos os tipos como a laparoscopia, feita no abdômen, passaram a ser usadas para tratar problemas de coração.
A cirurgia cardíaca por videotoracoscopia foi trazida dos EUA e da Europa e já é aplicada por médicos no Brasil. Além de diminuir o tamanho do corte para 4 cm, ela apresenta como vantagens o menor tempo de cicatrização e a menor manipulação do coração.
A operação consiste basicamente em uma incisão no lado direito do tórax. Equipamentos como tesouras ou pinças especiais para essa cirurgia entram no espaço entre as costelas.
Em outro pequeno orifício, aberto abaixo da axila direita, é introduzida a câmera. Assim como na cirurgia tradicional, o coração é "parado" durante a operação, e a circulação sangüínea funciona por meio de uma máquina coração-pulmão.
O cirurgião Robinson Poffo, que já fez mais de 30 operações no Hospital Hans Dieter Schmidt e no Centro Hospitalar Unimed, ambos de Joinville (SC), diz que esse tipo de cirurgia minimamente invasiva é uma tendência porque gera menos riscos e evita hemorragias, inflamações e dores muito fortes. "O tempo de internação diminui de 10 para 7 dias. Cinco dias depois, o paciente já pode dirigir e voltar ao trabalho."
Segundo ele, a cirurgia serve principalmente para curar problemas de válvulas, arritmias e algumas doenças que a pessoa porta desde o nascimento, como comunicações interatriais.
Ele diz que os resultados das operações são muito bons e que, em alguns casos, foi possível fazer incisão ao redor do mamilo, com técnica semelhante à da cirurgia para implante de silicone, propiciando um resultado mais estético. Pablo Pomerantzeff, diretor da Unidade Cirúrgica de Válvulas do Incor (Instituto de Coração) de São Paulo, diz considerar positiva a disseminação da operação por ser menos invasiva, mas que a incisão na auréola "requer cuidados e o auxilio de um cirurgião plástico". No Incor, as cirurgias videoassistidas já serviram para tratar coronárias e agora começarão a ser feitas em válvulas.
Ele diz que, "enquanto esse tipo de operação não se tornar mais comum entre os médicos e os hospitais não disporem dos aparelhos, ela terá um custo de realização mais caro."
As contra-indicações são outra desvantagem dessa operação. Pessoas com outras lesões como aneurisma da aorta, por exemplo, não devem fazê-la. Já quem tem problemas vasculares periféricos deve passar por uma seleção criteriosa, já que a máquina coração-pulmão é conectada ao corpo pela virilha.
O cirurgião cardíaco Frederico Di Giovanni, que apresentou a operação no Congresso Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular, em abril, cita como vantagens da cirurgia por vídeo o menor risco de infecções e os benefícios estéticos. Ele diz que um dos obstáculos para um maior acesso à técnica no país já foi parcialmente superado: a disponibilidade de certos equipamentos.
Ele afirma ainda que tudo o que é novo tem um tempo de implantação, mas que o Brasil está no caminho para isso.


Colabourou CLÁUDIA COLLUCCI , da Reportagem Local


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