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Cirurgia de coração tem técnica menos invasiva
Procedimento evita grandes aberturas no tórax e tem melhor efeito estético
Procedimento está sendo
aplicado em pessoas com
problemas de válvulas,
arritmias e algumas
cardiopatias congênitas
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pacientes que tiverem que
fazer cirurgia cardíaca já têm
alternativas para fugir da "serra" e dos tradicionais cortes
que chegam a 30 centímetros
no tórax. Isso porque a câmera
e o vídeo, muito comuns em cirurgias de todos os tipos como a
laparoscopia, feita no abdômen, passaram a ser usadas para tratar problemas de coração.
A cirurgia cardíaca por videotoracoscopia foi trazida dos
EUA e da Europa e já é aplicada
por médicos no Brasil. Além de
diminuir o tamanho do corte
para 4 cm, ela apresenta como
vantagens o menor tempo de
cicatrização e a menor manipulação do coração.
A operação consiste basicamente em uma incisão no lado
direito do tórax. Equipamentos
como tesouras ou pinças especiais para essa cirurgia entram
no espaço entre as costelas.
Em outro pequeno orifício,
aberto abaixo da axila direita, é
introduzida a câmera. Assim
como na cirurgia tradicional, o
coração é "parado" durante a
operação, e a circulação sangüínea funciona por meio de uma
máquina coração-pulmão.
O cirurgião Robinson Poffo,
que já fez mais de 30 operações
no Hospital Hans Dieter
Schmidt e no Centro Hospitalar Unimed, ambos de Joinville
(SC), diz que esse tipo de cirurgia minimamente invasiva é
uma tendência porque gera
menos riscos e evita hemorragias, inflamações e dores muito
fortes. "O tempo de internação
diminui de 10 para 7 dias. Cinco
dias depois, o paciente já pode
dirigir e voltar ao trabalho."
Segundo ele, a cirurgia serve
principalmente para curar problemas de válvulas, arritmias e
algumas doenças que a pessoa
porta desde o nascimento, como comunicações interatriais.
Ele diz que os resultados das
operações são muito bons e
que, em alguns casos, foi possível fazer incisão ao redor do
mamilo, com técnica semelhante à da cirurgia para implante de silicone, propiciando
um resultado mais estético.
Pablo Pomerantzeff, diretor
da Unidade Cirúrgica de Válvulas do Incor (Instituto de Coração) de São Paulo, diz considerar positiva a disseminação da operação por ser menos invasiva, mas que a incisão na auréola
"requer cuidados e o auxilio de
um cirurgião plástico". No Incor, as cirurgias videoassistidas
já serviram para tratar coronárias e agora começarão a ser feitas em válvulas.
Ele diz que, "enquanto esse
tipo de operação não se tornar
mais comum entre os médicos
e os hospitais não disporem dos
aparelhos, ela terá um custo de
realização mais caro."
As contra-indicações são outra desvantagem dessa operação. Pessoas com outras lesões
como aneurisma da aorta, por
exemplo, não devem fazê-la. Já
quem tem problemas vasculares periféricos deve passar por
uma seleção criteriosa, já que a
máquina coração-pulmão é conectada ao corpo pela virilha.
O cirurgião cardíaco Frederico Di Giovanni, que apresentou
a operação no Congresso Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular, em abril, cita como vantagens da cirurgia por vídeo o menor risco de infecções e os benefícios estéticos.
Ele diz que um dos obstáculos para um maior acesso à técnica no país já foi parcialmente
superado: a disponibilidade de
certos equipamentos.
Ele afirma ainda que tudo o
que é novo tem um tempo de
implantação, mas que o Brasil
está no caminho para isso.
Colabourou CLÁUDIA COLLUCCI , da
Reportagem Local
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