DA REPORTAGEM LOCAL

Para Fabio Feldmann, ambientalista, ex-deputado federal e autor de uma lei que dispõe sobre a redução da emissão de poluentes por veículos automotores, a elaboração do ranking pelo Ministério do Meio Ambiente é positiva, mas seria necessário utilizar a informação para fixar incentivos fiscais para carros que poluem menos. (TALITA BEDINELLI)

 

FOLHA - Qual a importância do ranking?
FABIO FELDMANN - Acho a existência de rankings públicos muito importante, o Brasil deveria adotar mais essa prática. Em muitos países isso ocorre há muitos anos, permitindo ao consumidor uma escolha mais adequada ecologicamente.

FOLHA - O consumidor se preocupa com a poluição ao escolher o carro?
FELDMANN - Acho que há uma tendência, principalmente entre os mais jovens, de se levar isso em conta. Mas também depende de as empresas que tiveram melhor desempenho no ranking utilizarem isso como estratégia de marketing. Agora, se o governo usasse o ranking como política tributária, certamente estaria favorecendo os melhores e obrigando os piores a melhorar o desempenho.

FOLHA - Como assim?
FELDMANN - Eu defendo que se condicione a isenção fiscal ao bom desempenho dos automóveis. Os rankings deveriam servir para aumentar ou diminuir o IPI e outros impostos. Os veículos melhores [que poluem menos] deveriam pagar menos impostos e os veículos piores, mais. Aí facilitaria a escolha do consumidor, já que o preço refletiria o desempenho.

FOLHA - O álcool realmente polui menos?
FELDMANN - O álcool, do ponto de vista do aquecimento global, é melhor que o combustível fóssil [gasolina]. O combustível fóssil emite mais carbono da extração até a queima e não compensa depois. Já o álcool compensa na plantação da cana. Mas o importante é verificar a eficiência ambiental do automóvel. Se eu tenho um carro a gasolina que roda 10 km por litro e compro um flex que roda 5 km com a mesma quantidade de combustível, o que utiliza gasolina polui menos.


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